Simplicíssimo

Escrever por Escrever VI (excertos)

{21/06/2000 – Quarta-feira – 22:49}

Foi Graham Bell professor de surdos e mudos? Ou terá ele sido professor de Ciências? Se você respondeu a primeira, está certo!

Uma coisa que aprendi ontem: apesar de, para que possamos agir de acordo com a ética deontológica (pregada por Kant) devêssemos agir completamente apoiados pelo uso estrito e incondicional de nossa razão, sem influência de nossos sentimentos e emoções, jamais poderemos fazer isso, por um simples motivo: somos humanos! A luz que podemos vislumbrar então é agir a maior parte possível do tempo sob a égide da razão (voltada para a virtude) para que possamos tornar este um mundo melhor de se viver (e conviver), já que nossos sentimentos e emoções dificilmente permitem que respeitemos o espaço e a liberdade de nossos semelhantes. Essa moral deontológica, baseada no dever e não na finalidade, como na moral teleológica, torna mais difíceis nossas decisões no dia-a-dia, já que não são naturais boa parte das conclusões a que chegamos quando usamos o imperativo categórico, quando buscamos tornar nossa decisão uma lei universal que possa ser usada por todas as pessoas em todos os lugares em situações semelhantes. Outro problema que vejo ao meu redor, todos os dias ( e até comigo mesmo, por que não), é o fato de que muitas pessoas não “alcançam” a razão necessária para

tomar a decisão correta acerca dos fatos e situações às quais são confrontadas. Simplesmente não têm capacidade, juízo crítico, inteligência suficientes para discernir o certo do errado ou o mais certo dentre os certos. Isso acontece não somente entre pessoas humildes e sem instrução mas também com juízes, presidentes, médicos, músicos, professores, religiosos e com o tipo de pessoa que você imaginar. As conseqüências dessa constatação é o caos que hoje se encontra instalado na comunidade humana.

Hoje me veio a idéia de escrever um texto com o seguinte título: “Fernando: o sociólogo que esqueceu”. O título por si já é interessante, pois faz o leitor pensar: esqueceu o que ou de que? Esqueceu das leituras que fez na faculdade, das coisas que aprendeu e com as quais cresceu. Esqueceu de todos à sua volta, daqueles que nele confiaram. Esqueceu de si…

Matt Groening, o criador de “Os Simpsons” é do caralho!…

PS: Uma coisa boa disso que estou fazendo é que eu mesmo posso fazer comentários das coisas que eu mesmo escrevi! Loucura!

PS2: Acho que às vezes deixo algumas pessoas com raiva pelos comentários que faço (he-he-he!!!)… {21/06/2000 – Quarta-feira – 23:28}

{22/06/2000 – Quinta-feira – 13:55}

Sobre o que escreverei hoje? Escreverei sobre o plantão no qual estou, aqui no Conceição? Ou sobre o belo dia de sol que está fazendo lá fora? Ou sobre o novo videoclipe do Metallica que está passando na MTV? Ou sobre assuntos sobre a terra, a água e o ar? Não sei… Acho que vou copiar alguma coisa que escrevi há algum tempo atrás, mas que ainda está inacabado. Aí vai:

(neste trecho, reproduzi um texto de minha autoria entitulado “Mais um”, já publicado na edição número 3 do Simplicíssimo)

“Toquem o meu coração e façam a Revolução…” É isso! Controlar as pessoas pela razão é muito mais difícil, mesmo quando a própria razão está do nosso lado do que controlar/convencer as pessoas através das emoções. Para que as coisas mudem, como seres humanos, devemos mexer justamente com o lado sentimental, o lado afetuoso, de compaixão e altruísmo que carregamos. Quanto mais conseguirmos estimular esse lado nas pessoas, mais facilmente podemos mudar as coisas para melhor (desde que saibamos, é claro, o que é o melhor!).

Quando tentamos demonstrar algo a alguém e convencê-lo que estamos corretos através da razão temos um empecilho básico: o fato de estarmos tornando (pelo menos às vistas do interlocutor) esta pessoa menos inteligente por estarmos “oferecendo” um conhecimento que esta não tem e que relutava até então aceitar por princípios pessoais dos mais variados aspectos. Quando usamos a sentimentalidade, isso se torna mais fácil, pois podemos criar um motivo e dar uma justificativa “humana” para a realização ou compreensão daquilo que estamos propondo e determinar uma punição sentimental, oferecida pela “Consciência” da pessoas caso não exista entendimento entre a parte demonstradora e a que se está demonstrando. (Bah! Nem eu entendi direito o que eu escrevi! Acho que está na hora de parar!)

“Eu ainda lembro como era fácil viver… (Norwegian Wood)”… {22/06/2000 – Quinta-feira – 14:29}

{02/07/2000 – Domingo – 16:54}

Depois dessa pausa de mais de uma semana, estou de volta. Muitas coisas aconteceram, muitas delas inesquecíveis mas não registráveis aqui, devido à extrema pessoalidade de seu conteúdo. Ontem eu estava de aniversário. Vinte e quatro anos. Muita história pra contar. Muita ainda para fazer.

Imagine um caçador numa ilha deserta. Sempre viveu sozinho, da caça, pesca e coleta, sendo a sobrevivência e o domínio do seu território seus únicos objetivos. Sempre viveu bem em sua ilha até que um dia descobriu que não estava sozinho. Encontrou um outro caçador que como ele sempre viveu na ilha e tinha os mesmos objetivos. Nesse momento, eles começam a brigar pois para garantir o domínio e a sua sobrevivência somente pode existir um. Depois de uma longa briga um encontra-se rendido e o outro está pronto a dar-lhe uma machadada fatal. Nesse momento, o caçador vencido olha nos olhos do vencedor e este tem um sentimento e uma decisão a tomar: ao ver a si mesmo nos olhos do outro caçador, dá ele o golpe final e cumpre aquilo que sempre foi seu objetivo e continua vivendo da forma como sempre viveu (acabando com a dialética da narração) ou muda radicalmente dando uma chance para o vencido? Suponhamos que ele tenha dado uma chance, mas agora a situação é diferente. Ele ganhou a briga. A situação inicial de igualdade entre os dois caçadores já não existe mais. O vencedor será o senhor e o perdedor seu escravo. O caçador vitorioso vai descansar e viver do trabalho do derrotado, que vai sustentar suas necessidades. O tempo passa. O escravo vai literalmente enchendo o saco, até que um dia ele realmente se irrita e se dá conta de uma coisa: Espera aí, eu estava em situação de inferioridade naquela época. Já trabalhei demais para esse vagabundo e não recebi nada em troca. Agora sou forte. Enquanto ele engordou às custas do meu trabalho eu, graças ao mesmo trabalho sou forte e resistente. Chegando a essa conclusão ele domina seu antigo senhor, transformando-o em seu escravo, invertendo a situação até então estabelecida. Através dessa metáfora, chegamos a um exemplo de como se sucede a alternância histórica da dominação social nas diferentes culturas.

Eu me pergunto: será que os caçadores poderiam, ao invés de lutar para a sobrevivência de apenas um, juntar forças para sobreviverem juntos, dividirem as terras que já habitavam anteriormente e assim viver harmoniosamente sem conflito de qualquer espécie? (fim da dialética)

Sobre a relação entre senhor e escravo, eu também me pergunto: No caso de um carvoeiro, dono de uma mina de carvão, de onde ele tira todo seu sustento, empregador de vários mineiros, quem é o senhor e quem é o escravo? É o senhor o carvoeiro que manda seus empregados em más condições e arriscando sua saúde e vidas no seu trabalho insalubre com um mau pagamento (provavelmente) e são eles os escravos ou são eles, os mineiros os senhores e ele, o carvoeiro, o escravo, já que este depende totalmente daqueles para sua sobrevivência? Resposta algum dia desses quando eu chegar a uma conclusão… Mas já vá tirando a sua… {02/07/2000 – Domingo – 17:29}

Rafael Reinehr

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