Simplicíssimo

Sem título

esmagar-te-ia
como quem pisa em uma lesma
se fosses
reles e despicienda
pegajosa és
tal e qual um molusco
que não me larga
insistente
que se agranda
em minha morada
e em meus parcos teres
como posso desprezar-te
se com teu convívio
já estou quase acostumado
como posso querer
eu
criatura franzina
viver entre os bons
o que me dói
não é a falta de
são teus próprios afagos
tens mãos ásperas
que me machucam as faces amiga
posso chamar-te assim
de amiga
não posso?
conhecemo-nos bem
acho que sou pra ti
assim como uma espécie de razão de existir
e tu
amiga MISÉRIA
já és quase minha vida
esmagar-te-ia
como quem pisa em uma lesma
se pudesse
agora já não posso
tenho pernas cambaleantes
e mesmo
que fossem rijas
com nojo
não te pisotearia
pois
as solas dos meus sapatos
bem sabes
têm furos grandes como patacas
quisera
ter sido rápido o suficiente
para não me dar a conhecer
por ti…

 

e agora essa…
por que diabos afeiçoa-te a mim?

Cláudio B. Carlos (CC)

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