Está confirmado. Nas universidades públicas 56% das vagas estão com alunos provenientes das Classes A e B. No Sul, esse índice chega a 66%. Ou seja, 10% da população domina entre 1/2 e 2/3 das vagas das universidades públicas.
A ANDIFES (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) realizou a pesquisa e confirmou o que a sociedade sente na pele. Para estudar numa escola pública de qualidade e poder ter um diploma de graduação é preciso ter dedicação exclusiva e um alto grau de investimento anterior para poder garantir a vaga.
Mesmo com as políticas públicas de inclusão, nos últimos anos, a situação ainda permanece. Enquanto a maioria da população precisa trabalhar e conciliar o estudo para manter-se e progredir no mercado de trabalho, as universidades federais pregam a dedicação exclusiva dos alunos com horários apertados e totalmente inflexíveis.
Vivi na pele essa situação. Fui aprovado no Vestibular. Ingressei na universidade e consegui um horário noturno para trabalhar. Quando estava no terceiro semestre de Engenharia Elétrica, meu horário noturno foi extinto no trabalho. Assim, tive que voltar a trabalhar de dia e cursar 2 cadeiras noturnas por semestre. Consegui realizar 50% do curso na federal, mas após essa etapa todas as cadeiras eram diurnas com horários cortados que impossibilitavam a compensação de horários no trabalho. Resultado: tive de trancar e transferir o curso para uma universidade privada, onde perdi alguns créditos cursados, mas consegui completar minha graduação com crédito educativo que ainda estou pagando.
A pergunta que não quer calar é: será que não seria uma boa prática do governo comprar vagas em universidades privadas? Ou cobrar de alunos com condições de pagar? Ou, ainda, separar vagas para os mais abastados, cobrando?
A discussão é longa e merece ser travada para melhorar o acesso à educação de qualidade para todos.
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