Simplicíssimo

Quem Paga a Conta?

Que a ganância está destruindo o planeta, já não é novidade; todo mundo sabe (ou, ao menos, deveria saber). Talvez por isso (e eu digo "talvez") existam aí inúmeras leis de proteção ambiental (mais ou menos rigorosas, dependendo do país) e muita gente presa ou sendo penalizada por elas.
Mas, há que se perguntar quem realmente está pagando pelos danos à natureza.
Até que ponto a prisão de caçadores, garimpeiros ou derrubadores de árvores resolve, de fato, o problema? Será que se esses homens tivessem outra opção de sobrevivência fariam, ainda assim, a mesma escolha?
Acho que não. Ao menos em uma grandiosa e nobre maioria.
O que se deveria discutir, na verdade, é o porquê desses homens estarem, então, dispondo-se a isso, se eles próprios, quase sempre, admitem a nocividade de seus trabalhos. Parece ser mais uma questão de necessidade, de sobrevivência. Quem tem fome quer comer, mesmo que isso implique na morte de aves ou na queda de algumas árvores. Aves e árvores são problemas menores (e dos outros) para quem está com a barriga roncando ou vê os filhos com necessidades.
Não adianta prender aquele que derrubou um pé de mogno; deveria ser preso o nobre senhor inglês com seus finos móveis clássicos. Não adianta matar o caçador de elefantes (como eventualmente acontece, quando caçadores recebem guardas florestais a tiros); deveria ser morta a senhora madame com seus camafeus de marfim. Estes sim, os verdadeiros causadores da devastação ambiental. Ora, se não houver quem compre móveis em mogno, não haverá quem derrube essas árvores de madeira tão nobre; se não houver quem use mãos de gorila como cinzeiro (como alguém pode achar isso bonito?), não haverá por que matar e mutilar esses primatas (matando-se uma mãe, provavelmente também um filhote morrerá); se não houver ninguém carregando pescoço, orelhas e dedos com diamantes, não haverá ninguém esburacando atrás dessas reluzentes, mas mal-empregadas, pedras.
Não são os operários da destruição os verdadeiros geradores dos problemas. Parece ser mais sensato considerá-los como conseqüência do que como causa. Esta, no meu entender, é a miséria, provocada pela sede insaciável de riquezas e lucros, que nunca vão para quem faz o serviço sujo.
Então, nada mais contraditório do que representantes dos países ditos de "primeiro mundo" indignados com o desmatamento da Amazônia ou com a matança de baleias. Se formos puxar o fio dos interesses envolvidos, é bem provável que cheguemos aos amplos e refinados salões deles mesmos.
O problema ambiental é, antes de mais nada, político e econômico. E não há um verdadeiro empenho desses países em resolvê-lo, até por que, hoje como ontem, a exploração de uns alicerça a riqueza e o poder de outros.

Leandro Laube

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