Simplicíssimo

Onde fica a Nicarágua?

Eu estava iniciando minha apresentação sobre os genocídios cometidos pelo Governo ianque na America Latina, quando fui surpreendido pela pergunta que intitula esta crônica.

Não, caros leitores, a pergunta não partiu de um aluno do Primário ou de um ginasial menos informado – mas sim de um Mestrando em POLİTICA INTERNACIONAL na Universidade de Osaka: uma das mais conceituadas universidades japonesas…

Irritado, sugeri que consultasse um mapa. Não iria perder meu tempo explicando-lhe que estava na América Central. Grosseiro de minha parte? Pode até ser. Mas o que realmente enervou-me não foi sua ignorância, e sim o tom de desprezo na elaboração da pergunta. Ora, meus amigos, sabemos que a América Latina e outras regiões do chamado Terceiro Mundo são tradicionalmente esquecidas pelos países mais ricos (recuso-me a usar o termo “desenvolvidos”); mas o Japão é um caso de alienação extrema.

E, antes que me acusem de racista ou de que não compreendo nossos irmãos nipônicos, permitam-me desiludi-los com um fato: à parte de Europa, os Estados Unidos e – vai lá – alguns países asiáticos, o povo japonês, com raríssimas exceções, não tem a mínima noção de geografia mundial. Nestes sete anos vivendo no país, eis algumas das respostas mais comuns que tive que proporcionar, não a pessoas que jamais freqüentaram uma escola; mas a estudantes universitários, professores e até a um diretor de multinacional:

“Espanhol? Não, o Brasil é o único país na América Latina que fala Português…”

“Buenos Aires é a capital da Argentina.”

“Se vivo em árvores?… Não, e a sua genitora, vai bem?…”

A lista de preciosidades é enorme. E de situações inusitadas também. Certa vez, uma colega de Faculdade correu atrás de mim para perguntar-me se eu era francês. Até aí tudo bem. O interessante mesmo foi que, ao descobrir minha nacionalidade, ela não conseguiu esconder o desapontamento. Como se eu fosse culpado de ser… brasileiro.

Ah, os estereótipos. Ou seria falha do sistema de ensino? Perguntando a minha esposa como ensinam Geografia neste país, sua resposta foi: “Memorizamos alguns nomes de países para a prova e pronto. Depois disso, esquecemos.”

Pena que os países pobres não possam dar-se ao mesmo luxo: o de esquecer os nomes dos credores…

 

Edweine Loureiro

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