A origem, claro, vem da palavra inglesa salary-man. Em bom português, “o homem do salário”, o que por sua vez significa, mais especificamente, assalariado. A palavra é inglesa, mas creio que não há país mais apropriado para seu uso que o Japão.
Não é segredo para ninguém que o japonês vive para o trabalho. E isso deve ser herança do shogunato, cuja devoção ao dever levava, literalmente, à morte. Hoje em dia, o feudo só trocou de nome. Chama-se kaisha (traduzindo: companhia). Mas a devoção – principalmente por parte dos senhores, os jovens não tanto –, continua intacta. Mudar de trabalho, pode até ser… mas de companhia, nunca! Ser demitido, então, equivale à pena de morte. E, olha, não é brincadeira: eles se matam mesmo! A cada semana não são raras as vezes em que a linha do metrô pára porque alguém se atirou aos trilhos. Na maior parte das ocasiões, o motivo é o mesmo: estresse, provocado pela pressão, pelo cansaço, por sua vez oriundos das excessivas horas de trabalho. Sim, porque o chamado sarariman, aquele tipo que usa paletó e camisa sempre da mesma cor (respectivamente, preto e branca), este é o símbolo do trabalhador japonês que prefere ficar treze, quatorze horas, na companhia, do que em casa – ainda que o trabalho de verdade resuma-se a, quando muito, três horas ao dia.
Isso mesmo, amigos, não se iludam: o japonês passa mais tempo na companhia do que realmente trabalhando – são inúmeras as reuniões durante o dia (inúteis, sempre), horas e horas saindo para fumar, encontros com clientes que duram duas horas para um assunto que em regra resolver-se-ia em cinco minutos etc etc. Mas o importante ė sair da companhia somente quando todos saem, ou seja, dez, onze, meia-noite. E quem leva o trabalho realmente a sério, resultado: não aguenta. Acaba tendo uma crise nervosa e jogando-se debaixo do trem, ou do metrô, ou do prédio… ou do diabo! O importante é se jogar…
Vejam: comecei a ter um ataque de nervos e já nem sei mais sobre o que estava falando…
Opa! Lá vem o metrô…
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