Simplicíssimo

Um tributo à Literatura Japonesa (Parte II)

Na edição passada, comprometi-me a apresentar ao leitor mais obras desta fascinante Literatura Japonesa. Pois bem, vamos a elas.
Começo pelo livro Botchan, de Natsume Soseki, cuja vida e uma das obras – I AM A CAT – já havia brevemente relatado naquela mesma edição. O título pode ser traduzido como “Pequeno Mestre”, ou, como se costumava dizer no periodo colonial brasileiro, “sinhozinho” ou ainda “sinhô-moço”. Não que o protagonista de Soseki seja, propriamente, um representante da aristocracia local. Mas, sendo de Tóquio, e indo dar classes na província, seu sotaque e forma de falar eram, não raras vezes, confundidos com um certo ar de arrogância. Daí o apelido que intitula a obra. Mais que arrogante, porém, Botchan é um sujeito temperamental; o tipo que não leva desaforo para casa, e que – conforme mencionado acima – acaba tornando-se professor em uma escola secundária da província. A escola em questão mais parece uma escola-de-samba, vistos os tipos alegóricos que compõem o corpo docente. E Botchan, um observador, não tarda em apelidar esses tipos de acordo com a personalidade e aparência de cada um. Assim temos figuras como “Red-shirt” (um professor cuja falsidade já pode ser detectada em um primeiro sorriso); "The Clown" (o Palhaço), entre outros que fazem da vida do inexperiente “Professor Botchan” um verdadeiro inferno, a ponto de levá-lo a… (ops, quase ia revelando o final). Leiam.
Outra obra que gostaria de comentar com o amigo leitor é Vita Sexualis, do genial Ogai Mori – um intelectual que aos vinte e um anos de idade já era cirurgião-chefe da Guarda Imperial (graduara-se na universidade com apenas 19 anos de idade e, posteriormente, estudara quatro anos na Alemanha). Na verdade, Mori pôs em risco seu prestigiado cargo quando, em 1909 – portanto na (ainda) conservadora Era Meiji – publicou Vita Sexualis. Poucos dias após a publicação do escrito na edição de número 7 da Revista Subaru (também por ele fundada), sua circulação fora proibida e Mori oficialmente advertido pelo Vice-Ministro da Guerra. Não era para tanto. Na verdade, a obra não tem o conteúdo erótico que sugere o título. Ao contrário dos autores naturalistas da época – para quem qualquer espirro era produto do desejo sexual inerente ao homem-bicho -; Mori preferiu optar por uma descrição psicológica de seu protagonista: o filósofo por profissão (!) Shizuka Kanai; o qual, na meia-idade, resolve reunir suas memórias quanto ao despertar da sexualidade. Assim, começa a rascunhar um livro de caráter autobiográfico, dividindo-o em capítulos “por idade” (dos seis aos vinte e um anos, para ser mais preciso). Calma, leitor: nada picante. São momentos de reflexão, observando as feições de uma vizinha, de uma empregada, da mãe de um amigo… Enfim: mais olhares que realização. Na verdade, o próprio Kanai considera-se frio, feio, e acha que o sexo é uma preocupação menor. Até que um dia… bem, ninguém é de ferro…
Boa leitura!

Edweine Loureiro

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