Simplicíssimo

1º de outubro não é 1º de abril

Politicamente falando, brasileiro tem muitas famas: esquecido, displicente, desleixado, despreocupado, fanático e, obviamente, rei da maracutaia e do jeitinho. Privilégio ou não do nosso povo, isso acaba obscurecendo um sistema de votação eletrônica fantástico, que nos dá o resultado de uma mega eleição em até 24 horas. Menos elogios eu poderia fazer às pesquisas eleitorais, até mesmo por não entender de que forma toda manifestação de intenção de voto que a mim chega (email, contato pessoal, etc.) está em total discordância com o que nos é mostrado pela mídia. Não pensem que não considerei a hipótese de eu ser muito mal (ou muito bem) relacionado.

Aliás, este domingo estava eu devidamente fardado me preparando para entrar no carro e ir ao estádio de futebol ver meu time jogar quando uma voz grita "Interrrrrrrrrrrrr!". Ergui a cabeça e ainda pude ver a goela de uma senhora com mais de 50. Ela passava num belo carro preto que tinha numa das janelas uma bandeirão branco, preto e vermelho que juro não era do São Paulo, mas de um partido político qualquer. E continuou de passagem: "Vai tomar no cú!!!". Certo, certo, tente parar de rir um pouco da minha cara. Pense no positivo fato de que a campanha política se dá assim em tão alto nível e respeita a todos. Sim, porque esta pessoa poderia ter dito "negro/branco/gordo/magro/homo/hetero/saudável/doente/rico/pobre … vai tomar no cú!". Poderia, se eleito, executar estas suas belíssimas idéias de campanha. Afinal de contas, estamos acostumados a ser enrabados pelo governo de um jeito ou de outro mesmo …

O fato é que está aí mais uma chance de acharmos que podemos mudar o Brasil, depois de escutarmos milhares de santos ocos discursarem inflamados suas boas intenções e apontarem incendiados os defeitos dos seus oponentes. Os verbos “corruptar” e “não fazer” são os mais usados, mas parece evidente que o sistema que aí está acaba fazendo com que todo o um que nele entre se corrompa por bem ou por mal, muito embora minha percepção (sem generalizar) seja de que já haja uma pré-disposição à aceitação deste tipo de indecoro em quem se propõe ao mundo político. Sabem eles que o povo gosta de promessas, de ilusões, de uma bolsa aqui e outra ali e sabem eles, fundamentalmente, que nossa e memória fazem jus a quem nos governa. A cada eleição, não vimos nada, não sabemos de nada e acabamos fazendo NADA!

Ibbas Filho

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