Simplicíssimo

De estimação *

Perdas são sempre muito difíceis. De um ente querido, de um emprego, de uma oportunidade. Perder o ônibus (que destino), a aposta (uma furada), a cabeça (desatino), o companheiro (mal amada). A menina perdeu sua agenda (o que será dos seus segredos?), quebrou-se do garotinho a crença (quem lhe dará outro brinquedo?). Perder o jogo é sempre muito triste, não menos do que ter que agüentar a flauta. Aqui uma perda moral. Foi só boato o triturador da Azenha. Nem sequer deu o ar da graça e o dirigente gremista perdeu mais que o jogo, a compostura. Lembra daquela jovem orgulhosa? Pois não mais tem sua formosura.

Triste é perder seu bichinho de estimação (Frank Jorge repete inúmeras vezes o poema do CÃO – você devia ir lá ver). Acho que é o rabo abanando, as lambidas ou o escambau. E pode ser qualquer outro bicho, que a gente sempre se envolve. Fico pensando nas tartarugas que acabaram de chegar. Não dá prá fazer cócegas nas suas barrigas, não têm pelo e jamais as veremos vindo correndo ao nosso encontro (por um requinte da natureza). Mas todos já estão pensando no batizado..

As vezes a gente se envolve e não sabe. Outras só se descobre quando o amigo faz chacota acreditando que você estava de brincadeira. E o gelo na geladeira. Perde-se fácil no verão. Foi Richard Gordon quem escreveu: “mesmo pequenas tempestades, aduanas rompidas e gatinhos em árvores, podem ser um desastre quando acontecem com você”. E foi debaixo d’água, dezesseis numa passada. Ainda não se sabe o porquê. Nem se esforce prá entender. Quem sabe um dia sim se dê risada, aquelas do tipo hehehe, que se entende à distância. Até lá, é bom cuidar de quem ficou por aqui.

* em lembrança aos 16 afogados do meu aquário.

Eduardo Hostyn Sabbi

Comente!

Deixe uma resposta

Últimos posts

Siga-nos!

Não tenha vergonha, entre em contato! Nós amamos conhecer pessoas interessantes e fazer novos amigos!

Últimos Posts