Simplicíssimo

Âncora de Sanidade – parte 3

Em outros tempos não hesitaria em criticar quem toma banho no rio. Hoje, no entanto, vê-se apenas com calção num reflexo alvo distorcido pelas pequenas ondas que insistem em cobrir seus joelhos. A água fria da manhã de domingo parece chegar até os ossos e congelá-lo por um instante. Joga-se, no instante seguinte, totalmente na água e o frio arrebatador é assimilado pelo corpo tentando compensar as diferenças de temperatura. Nada alguns metros. Fica a boiar olhando o céu com poucas nuvens, escutando a algazarra de crianças que banham-se logo a seu lado. Após cansar um pouco de tanto nadar e mergulhar, sai da água em busca da toalha que trouxera juntamente com suas roupas.

Totalmente seco, veste-se atrás de uma árvore. O contato com a natureza parece que lhe serviu de algo. O redemoinho que o puxara até o rio desparecera. Agora era hora de ir almoçar usufruindo dos parcos recursos que possuía, mas que dariam para um belo almoço numa churrascaria conhecida e não muito cara.

Seu nome aparecia escrito em cada parede ou pedaço de papel que encontrava pela rua. Uma perseguição implacável que começava a aceitar de bom grado. Não entendia como podia ter chegado ao ponto de rejeitar-se copiosamente e agora que recobrava um pouco de consciência passava a analisar mais friamente os acontecimentos do passado. "Aprender, tenho de aprender", repetia-se mentalmente a todo momento enquanto almoçava um vasto churrasco, com direito a regalias como uma bela picanha.

Era um dia diferente. Ao sair da churrascaria, pediu a nota ao garçom, salientando que fosse nominal.

 

Mauro Rodrigues

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