Simplicíssimo

Preconceito linguístico

Em seu livro “Preconceito Linguístico”, Marcos Bagno aponta, inicialmente, vários mitos disseminados na sociedade sobre o uso da língua portuguesa, segundo os quais o brasileiro não sabe falar direito, “maltrata” o idioma. Define, logo após, um ciclo vicioso no qual estão o ensino tradicional, a gramática tradicional e os livros didáticos; esses elementos fazem com que o processo de letramento, isto é, de aprendizagem dos usos da língua, transforme-se em uma mera repetição de questões sobre a língua, de regras da gramática normativa, nomenclaturas e classificações desnecessários. Ao ciclo vicioso, ele acrescenta ainda um quarto parâmetro a ser analisado: os comandos paragramaticais, um tipo de “associação dos guardiões da língua”, que exigem dos alunos que sejam aprendidos os conteúdos clássicos na escola, ignorando teses atuais sobre a evolução da língua, como ciência que ela é. O autor ressalta, ainda, que um falante da língua materna conhece as regras de funcionamento do idioma já na infância, com cinco ou seis anos; o aprendizado da língua é um processo natural. Para Bagno, os piores propagadores dos comandos paragramaticais são os próprios gramáticos, os primeiros a apontar “erros” e discriminar os falantes da língua. São pessoas “cultas” que pretendem mostrar a língua como “difícil de ser dominada”, privilegiando apenas a eles mesmos. A fim de mudar a postura dos educadores da língua em relação ao preconceito lingüístico, propõe-se o estudo dos diversos usos da língua dentro dos gêneros textuais cotidianos, capacitando os falantes naturais da língua a comporem textos claros, mas criativos.

Mariana Barbosa Ferraz Gominho

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