Simplicíssimo

Carta Aberta ao Futuro Excelentíssimo Presidente da República

Carta Aberta ao Futuro Excelentíssimo Presidente da República

O que eu quero e o que meus filhos querem

Excelentíssimo Senhor Presidente:

Como cidadão brasileiro e habitante deste planeta, quero, em primeiro lugar, garantir a permanência da raça humana em seu habitat natural. Para tanto, quero que seja implementada uma política de substituição progressiva da energia fóssil e nuclear em favor de energias baseadas em tecnologias já amplamente estudadas e com segurança bem estabelecida, como energia eólica e solar, além do melhor aproveitamento da energia hidráulica onde isso for possível (tendência a ser mundialmente seguida com a aproximação do fim estimado dos combustíveis fósseis nos próximos 300 anos). Em um momento inicial, podemos utilizar mais amplamente motorização a álcool em nossos automóveis, com o objetivo de diminuir nossa extrema dependência do petróleo internacional (com plano de posterior redução também desta forma de energia poluente). Em segundo lugar, quero que nossas indústrias sigam à risca o Tratado de Kyoto – dando exemplo a ser seguido por outros, que acham que são o exemplo da Humanidade, mesmo que isso custe um menor desenvolvimento econômico – , preferencialmente ultrapassando em muito os objetivos de diminuir a carga tóxica que soltamos diariamente na atmosfera. Ainda, para garantir a preservação das espécies existentes, gostaria que fossem implementados amplos programas de fiscalização da fauna e flora regionais, sendo os desmatamentos coibidos mais rigidamente, assim como a caça e a pesca irregulares, em época de reprodução. Somado a isso, creio ser importante um programa nacional de conscientização e educação iniciando nas escolas mas abrangendo também a população adulta, para que a mesma torne-se também uma “fiscal ecológica”. Não sujar as ruas já é um bom começo e sinal de civilidade, pois demonstra preocupação com os outros e com o ambiente. Quero também que dois aspectos importantíssimos para a Saúde de uma Nação sejam levados em conta: a Educação do Povo e sua Saúde Individual e Coletiva. Bem educar significa oferta Universal e Integral do ensino, desde os fundamentos até as ferramentas mais complexas que garantam a vida na nossa sociedade atual além de prover as idéias para a construção de um porvir sempre melhor. Para tanto, é necessária uma reforma educacional em suas bases, mudando o vetor de uma educação que vise tão somente empurrar conhecimento adquirido para uma outra que respeite mais as capacidades e habilidades individuais dos alunos, levando em conta não somente transmissão de conhecimento teórico mas também desenvolvimento artístico, cinestésico, espacial e de inteligências intra e interpessoais (tão carentes nos dias de hoje e em parte responsáveis por sintomas da convulsão social atual no que diz respeito à violência e ao uso de drogas). No que diz respeito à saúde individual, quero realmente ter acesso integral a métodos diagnósticos e opções terapêuticas, oferecidos por profissionais capacitados, como me garante a Constituição. Enquanto essa tarefa – difícil e distante – não for passível de realização, quero que sejam implementadas campanhas em todo país que visem informar a população sobre como melhor cuidar de sua saúde, de sua nutrição e sobre como manter hábitos saudáveis de vida. Quero que isso seja feito com mais ênfase e paixão do que jamais foi feito, pois todos temos o direito de nos cuidar e a nossos filhos. Programas de vacinação, oferta de alimentos e suplemento de nutrientes para populações carentes, além de medicações para enfermos devem ser ampliadas e mantidas. A falta de segurança que reina e se amplia cada vez mais é, em parte, decorrência da carência de educação adequada, má estrutura familiar e falta de oportunidades dignas (emprego, espaço). Punição insuficiente ou ausente é tão somente um reforço tardio para mais violência. Devemos então, nos centrar na resolução dos problemas acima, garantindo uma educação apropriada, que garanta o desenvolvimento cognitivo e emocional adequados da criança ( “Eduquem as crianças e não será preciso punir os homens”), inserida em uma família estruturada e participante, auxiliada e motivada durante seu desenvolvimento por estímulos variados e com a perspectiva de um lugar na “Sociedade Oficial” que efetivamente lhe aceita, para então esperar a decadência desta Era de Violência como uma tendência natural. Quero que essa mesma educação remodelada e condições de vida condigna sejam oferecidas aos nossos policiais, para que os mesmos não se tornem excessivamente violentos, nem sejam coniventes ou mesmo participantes de delitos como vez ou outra se tem notícia. Quero, e meus filhos também querem, ter acesso a atividades de lazer e cultura, sem que isso tenha um ônus que não possa suportar. Quero, e meus filhos também assim o querem, oportunidades iguais, que não privilegiem raça ou cor, credo ou religião, status sócio-econômico ou ligações político-partidárias corporativistas. Quero, e meus filhos também querem, que sempre que houver dúvida em casos de querela, que o conflito de interesses seja resolvido rapidamente por uma justiça imparcial e, portanto, justa, buscando sempre o melhor para ambas partes, não importando qual posição social ou econômica as mesmas pertençam. Quero que meu povo acorde, participe de uma Organização Não-Governamental ou crie uma, engaje-se e auxilie a quem precisa, que meu povo dê as mãos e faça a Revolução, que virá de baixo sim, mas sem armas mas sim com Altruísmo e Amor. Quero, em última instância, a felicidade que por muito tempo me foi negada, e aos meus filhos, pois mesmo com o fruto de imenso trabalho, muito suor e dedicação, não alcançamos a condição de gozar daquilo que tentamos construir, enquanto outros, com o meu esforço, têm vidas fáceis, dignas e descompromissadas socialmente, mesmo com condições de ajudarem seus semelhantes. Por último, quero desde já agradecer ao esforço que, pleno de esperança, sei que será realizado para tentar atender ao meu pedido e de meus filhos, que são também seus filhos, Pátria amada, Brasil.

Rafael Luiz Reinehr
24/10/2002

Rafael Reinehr

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