Simplicíssimo

Escárnio

ESCÁRNIO

O Brasil é o tipo do país em que demagogia, desonestidade e corrupção são a regra entre “nossos representantes” (“nossos” de outros que não nós, é claro) e isso jamais derrubou alguém do poder (ora, vamos! Você não acredita nesse papo de que o collorido foi convidado a um retiro espiritual por corrupção, acredita?).
A crise atualmente instalada não gira em torno de questões inéditas ou de aspectos inovadores que devam ser creditados exclusivamente ao atual governo. Pelo contrário, ao que parece, compra de votos, distribuição de benefícios e trocas de favores são algumas das características da política brasileira desde seus primórdios.
Seria até ingenuidade acreditar-se que as alianças políticas dão-se apenas por afinidades ideológicas, sem quaisquer relações, digamos, financeiras. Então, é bem possível que o Presidente da República soubesse, sim, da sujeira toda por sob o tapete, assim como seus antecessores também sabiam (e, nesse caso, quem ocupou o trono duas vezes, é também duas vezes culpado). Mas, enquanto se estiver olhando para as casquinhas da ferida, não se vê a causa do ferimento. Ora, se há corrupção, é porque há um corrupto e um corruptor e não vi ninguém, até agora, perguntar por “quem paga” ou “para quê se paga”. Creio que, esclarecidas estas questões, todas as demais respostas virão automaticamente.

E que venham, nem que seja a ferros!
Mas, ainda tem uma outra coisa aí, que incomoda muito, nisso tudo: é ver os pilantras de ontem (que não deixaram, necessariamente, de o ser hoje) posando com máscaras indignadas e fantasias de defensores da ética e da moral, discursando em honra de um tal “dinheiro do povo”, que, muito provavelmente, não saibam exatamente o que é.
Como disse o Arnaldo Jabor numa noite dessas (com aquela sua acidez, que beira o sadismo): “É um bate-boca de ladrão contra ladrão”.
Mas, o Jabor concluiu sua crônica televisiva dizendo que todo esse movimento acabaria inútil e nisso discordo. Na verdade, isso tudo já atingiu seus propósitos, que, acredito, nunca foram outros que não o de preparar o eleitorado para o próximo ano, para que eles, os bons moços, retomem o controle sobre o úbere.
Em todo caso, dentro em pouco teremos que agüentar os outros pilantras (aqueles que hoje vendem-se como nossos defensores) dizendo coisas do tipo: “Viu só no que deu?” para argumentar o quanto eram bons e não sabíamos. E o pior é que vai colar.
E lá se irão, então, os Correios, a Petrobras, as águas, a saúde, a educação e todo o resto, para as mãos sedentas dos verdadeiros donos desse jogo.
E eu fico aqui, com aquela sensação de que há um certo escárnio nisso tudo…

Leandro Laube

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