Você conhece a Dona Ursolina? Não, então não sabe o que está perdendo…
– Vovó, você teve outros namorados além do vovô?
– No meu tempo não era assim que nem agora. Eu tive só um, meu filho, além do seu avô, claro!
– E como ele era? Por que não deu certo? E se você tivesse casado com ele, como seria?
– Ah!, eu nunca pensei muito nisso. Mas, sabe que só não casei com ele porque ele preferiu outra. Daí eu fiquei um tempo sozinha e apareceu seu avô.
– Conta mais vovó… Conta mais…
– Bom, então deixa eu sentar um pouquinho… Eu conhecia ele desde criança. Tinha sido criado por um tio, depois que uma peste matou o pai e a mãe enlouqueceu. Naqueles tempos todo mundo chamava ele pelo apelido: Zifugo.
– Zifugo! Conta mais… ahahahha
– Então não me interrompa. Se não eu perco o fio da miada… Bom… Tempos depois a gente começou a namorar e ele continuava sendo chamado de Zifugo. Na verdade, eu descobri com o tio dele que um outro tio que cuidava dele antes o chamava desde pequeno de “Refugo” e ele aprendeu errado quando tinha uns 2 ou 3 anos e acabou ficando Zifugo mesmo.
– Bah, que ruim era esse tio. Chamar uma criança de Refugo?
– Pois, olha meu filho. Quando descobri o nome dele também achei que Zifugo estava bom. Ele chamava-se Remédio.
– Ah, para com isso vó! Tá brincando?
– Não, era isso mesmo… Por isso ele não gostava do nome e vivia brigando com todo mundo. Preferia que o chamassem de Zifugo. Mas, como eu ia dizendo, a gente namorou um tempo e a coisa foi ficando séria. Já estávamos quase noivos…”suspiro”
– E aí, por que não deu certo?
– Ah, eu acho que nem foi porque a Olina era um pouco mais nova que eu, como falaram na época. Foi por causa do tio dele.
– Ele não gostava da senhora, vó?
– É que desde que ele pegara o Rem… Zifugo para criar ele vivia mandando ele na venda fazer compras. Coisas do interior… Um dos itens mais importantes que não podia faltar todo mês era a chamada Insensiolina.
– Hein? O que era isso?
– Ah, na verdade o Zifugo foi alfabetizado com 19 anos somente. Mas já sabia as contas e escrever o nome desde casa. Então ele sempre lembrava que o tio dele dizia: “Qualquer remédio, pra ser remédio, tem que ser igual a Insensiolina!”
– Tá, e daí vó?
– Daí, filho que quando ele foi alfabetizado ele descobriu que a Insensiolina que ele pedia na venda era, na verdade, a Essência Olina. E desde então ele passou a olhar com outros olhos para nossa vizinha Olina e aí, né… Deu no que deu…
Comente!