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O puteiro dos horrores – Capítulo I

Finalmente eu havia chegado ao puteiro da Tonha.
Depois de tantos anos…
Quanta saudade!
Lembrei-me da minha juventude.
Ah, tempos bons aqueles…
O primeiro Campari, a primeira mulher, a primeira gonorréia…
São coisas que não a gente nunca esquece…
O velho casarão estava bem sucateado.
Pelo menos por fora já não era o mesmo:
Os velhos ciprestes já estavam quase secos, o velho varandão, já bem desbarrancado, o velho pênis do luminoso, quase caindo…
Desci do meu cavalo, digo, do meu fusquinha 69 e caminhei até a porta.
Bati.
Quase tive um desmaio quando ouvi o barulho de um trovão.
(Ainda bem que eu estava com uma cueca de plástico.)
Alguém apareceu na porta.
Meu deus, era o Zelão!
Ele ainda estava vivo.
Deveria ter mais de oitenta anos.
– Chamooou? – perguntou ele, do alto dos seus 2,10m de altura.
Ah, era mesmo o Zelão, ele gostava de imitar aquele lacaio, daquele seriado que passava na década de sessenta, esqueço o nome.
Estendi inutilmente a mão pra ele.
– Você não me reconhece, Zelão?
Ele ficou calado, me encarando seriamente.
– Você não se lembra de mim, o João? Naquela época eu era chamado de Joãozinho, o Rei da Noite, João, o Pintinho de Ouro. Você não se lembra? Ora, quantas vezes você me pôs pra fora do puteiro porque eu estava bêbado ou esquisito demais ou por causa das minhas ejaculações retardadas (a mulherada não gostava, achavam que quatro horas era tempo demais pra alguém conseguir)?
Ele abriu a porta sem falar uma palavra.
Ah, o velho Zelão, caladão como sempre, eu pensei.
– Como vai a sua mulher? Vocês devem estar casados há mais de meio século, não? Ela está bem de saúde?
Ele fez uma careta de dor.
É, pelo visto eles ainda estavam juntos.
Entrei.
De repente ouvi um grito assustador vindo de um dos quartos.


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João Batista dos Santos

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