" […] A maioria não pode simplesmente por não saber se dar. E não saber se dar é suficiente para não poder dar um campo de margaridas, mas antes, não saber se dar é coisa de gente que não ama as flores do campo… Elas têm que desbravadas, chovidas e choradas, apanhadas no meio do espinho que não se viu de longe… "
A primeira pergunta que deveria ser feita era sobre o campo. Se pudessem me dar um campo florido de margaridas não-semeadas.
[… Elas são a inocência pisada em mim.]
Mas eles não podem. Ora querem semear – e as margaridas têm que nascer selvagens e livres, espontâneas e brutas no meio do mato, porque assim é meu coração. Ele tem a suavidade das coisas brutas e grossas, da tempestade que cai de uma vez, mas em mil gotas de bênçãos na terra. […] A maioria não pode simplesmente por não saber se dar. E não saber se dar é suficiente para não poder dar um campo de margaridas, mas antes, não saber se dar é coisa de gente que não ama as flores do campo… Elas têm que desbravadas, chovidas e choradas, apanhadas no meio do espinho que não se viu de longe… Geralmente, não dão conta dos espinhos. […] E eles são muitos.
O campo é a beleza da cama branca e úmida de vida, aonde ela não se se desfaz em dor, mas em chuva e crepúsculo. Renascimento. Sabendo colher o pranto que desenrola o florescer.
A maioria quer flores de estufa, dessas que valem dinheiro e não se dão conta da primavera chegando. Estão longe do chão. Mas meu alimento é o barro, do fundo da raiz, da escuridão do mundo. E dele eu me faço florescer. Para nutrir e esperar aqueles que será capaz não somente de me dar um campo de margaridas – não semeadas, da terra de ninguém e do nunca… – mas de recebê-las do meu peito e de deitar-se sobre elas, fazendo a beleza e a inocência brotada e redescoberta de abrigo, aventura e descanso…
Comente!