dente-de-leão
leve leve flutua
e a vida continua
***
Réveillon
– Millôr Fernandes
O intervalo invisível, inaudível, Tordesilhas de nossas vidas, linha, esta, nem sequer imaginária. Um gesto de carinho, um copo erguido; o beijo e o abraço do afeto, o cálice da saudação e os lábios da intimidade estarão de um lado e de outro, num tempo e noutro tempo, no aqui e agora e no semper et ubiqus. Mas é isso aí. Feliz ano-novo.
Quero ser jardineira…
Neste ano que se inicia
quero ser jardineira.
Aprender a cultivar cactos e suculentas
com cuidado
pra não regar demais
com paciência
pra perceber cada passo de seu desenvolvimento.
Aprender a cultivar orquídeas
com atenção ao substrato adequado,
acertando a dose entre exposição direta
e abrigo às intempéries,
tendo discernimento para replantar
quando necessário,
para que revelem suas particularidades
para que floresçam em plenitude.
Quero ser jardineira que se alegra
com a espontaneidade das samambaias,
margaridas e marias-sem-vergonha que brotam
nas frestas, nos muros, nos canteiros distraídos
sementes guiadas pelos ventos favoráveis,
pelo imponderável transporte de aves e insetos.
Quero ser jardineira
sábia o suficiente
pra orientar meu filho adolescente
e ser sua amiga e apoio…
Quero ser jardineira pra espalhar
sementes de esclarecimento e solidariedade pelo ar…
Jardineira que coloca as mãos na terra,
sente seu frescor
e se alegra com o beija-flor.
Neste ano que se inicia,
que a magia do Natal se renove a cada dia.
Clarice Villac
10.12.2005
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Referências :
– “Réveillon” – Millôr Fernandes, in Millôr Definitivo – A Bíblia do Caos.
Porto Alegre, L&PM, 2009, p. 500.
– imagem : foto de Alexandre Zilahi, Lago Paranoá, Brasília.
http://www.zilahi.com.br/
http://www.youtube.com/results?search_query=zilahi55&aq=f
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