Simplicíssimo

Onde está o garçom?

Opa, opa, por onde eu entro? Mudou tudo por aqui…
Não quero fazer poemas. Não quero falar de como deve ter sido a sensação de sentir o vento lhe tocando o rosto pela última vez, antes que o rosto tocasse o rio. Não, não quero nem comentar sobre isso, nem dar sentido a nada. Só quero um pastel com cerveja, ou então uma dose da de sempre. Pouca importa se quero com gelo ou não, vocês sempre trazer da maneira como querem! Só quero sentar aqui e beber. Mas… Espera aí, onde está o garçom?

Sim, ele se jogou Infelizmente não foi uma piada de mau gosto. Sim, foi muito estranho, ninguém esperava. Trabalhava demais e estava comprando móveis para sua casa. Dizem que foi culpa da namorada, no bilhete ele disse que queria descansar. Tinha uma moto, que provavelmente vai ficar para os parentes, com os quais era brigado e não tinha muito contato, pelo o que se diz. E todos condenam, dizem as piores coisas. Que nada justifica tal ato, que era um fraco, que não soube encarar a vida. Ora, acho muito mais difícil encarar a morte. É preciso ser muito macho para dar um fim à sua própria existência. Será que sou o único que entende? Ninguém nunca sentiu uma vontade imensa de ver o que acontece quando se tem coragem fazer o que se tem vontade? Não, não… O negocio é encarar a vida, ser forte. Trabalhar a vida inteira, pagar impostos, se aposentar e morrer todo cagado numa cadeira de rodas. Não, não quero incitar ninguém a nada, dar razão a nada. Já disse que não que não quero nada? Mas é que esse bar ficou muito chato. Estamos todos órfãos. A verdade é que ninguém nunca se preocupou muito com o cara. Era legal? Era. Mas ninguém nunca o convidou para fazer nada que não fosse dar o troco da pinga. E por que deveríamos, se ele era só um funcionário do bar? Paga a conta e vai embora, ora essa. Mas nessa hora todo mundo fica triste. Aprendi alguma coisa, vou mudar algo? Mas é claro que não! Não vou visitar nenhum dos meus amigos que não vejo, não ou mudar nada. Cada um que se foda em sua própria solidão e, quando eu precisar, vou lá e peço favor. Estou errado? Ele está errado? Olha, os copos estão vazios, quem vai nos servir agora?

Próxima semana, um poema erótico pra vocês ficarem de pau duro (ou seja, lá o que endurecer pra esses lado).

Rodrigo D.

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