Simplicíssimo

Qualquer palavra

Qualquer palavra pode ser a primeira palavra de uma história. Neste caso, já que a introdução faz parte do relato, a palavra é qualquer… dia desses dou cabo dessa merda. Ando meio morto pela vida e suas avenidas, meio que não dando ligança, mas sei o que pensam, sei o que cochicham, sei dos risinhos de canto de boca, dos meneios de cabeça, dos dedos que me apontam. Qualquer palavra pode ser a primeira palavra de uma história. Qualquer ato pode ser o primeiro ato de uma tragédia. Qualquer coceirinha na ponta do dedo pode causar o primeiro disparo. Sei de gente que dispara. Sei de gente que diz pára…
Ando meio morto pela vida e suas avenidas, meio que não dando ligança, mas digo uma coisa pro moço, pra mim não faz diferença: um coice num cusco ou um tiro na cara dum fila-da-puta desses…
Crianças me chutam as canelas, me jogam pedras, me xingam. Adultos me escorraçam, me cospem. Nem na igreja me deixam entrar: me apontam a rua.
O moço sabe por que a porta da igreja é alta desse jeito? Pra mostrar a pequeneza das gentes…
Ai que tem dias que me dá uma coceira e aí eu meto uma cangebrina nas caraminholas que se não fosse gente humana… ai que pra mim faz diferença, sim. Faz muita diferença, que eu não dou coice em cusco.

Cláudio B. Carlos (CC)

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