Se, por um lado, a educação (entenda aqui a educação como ”formação” do ser) é a base da liberdade individual, na medida em que oferece o conhecimento e as ferramentas de análise e atuação sobre o meio, por outro, não se pode negar, trata-se de um processo de adestramento aos interesses desse meio.
Ou seja: ao mesmo tempo em que a educação dá os instrumentos de conhecimento que permitem observar à volta e influenciar na formação dos conceitos e culturas de um dado grupo, também serve como aparelho de condicionamento, porque diz o que e como deve ser feito. Então, educar é colocar o
indivíduo dentro daquilo que a sociedade exige como padrão de aceitação.
Se a educação se dá a partir de aspectos culturais e se essa cultura se dá a partir das verdade da sociedade em que foi gestada, então é a própria sociedade quem define os conteúdos, critérios e parâmetros que serão passados adiante através de todos os processos de formação de cada indivíduo (na família, no grupo, na escola, nos meios de comunicação, na academia, etc.).
Ora, a cultura vem da sociedade como um todo, mas é claro que nem todos têm a mesma influência sobre ela. Há, por exemplo, uma perceptível distinção entre ”povo” e “sociedade civil”, típica de um tal “mundo livre” ou “mundo democrático”: A “sociedade civil” é a parte influente, a parcela que comanda os destinos. É ela que tem em suas mãos o poder de definir aquilo que será ou não “o certo”, “o aceitável”. Quanto ao “povo”… bem, o “povo” é “aquilo” que segue as regras e faz o trabalho sujo.
Aceitando-se, então, que a sociedade faz e é feita pela cultura e que os padrões (de comportamento, artísticos, espirituais e culturais — no mais amplo sentido do termo) não são definidos por todos os participantes da mesma forma, parece haver aqui há um problema: Quais são, então, as verdades válidas e quem as define?
Seja como for, parece que a educação serve para alguns perpetuarem seus lares entre as nuvens, enquanto a outros domestica.
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