EU, UM TRASTE
Todo mundo tem um talento, é bom em alguma coisa e quando acerta na escolha dos caminhos parece que tudo se encaixa com perfeição, tudo praticamente cai nas mãos.
Estou a alguns meses dos 40 e ainda não consegui nem ao menos descobrir de que caminhão caí. Quem sou eu, afinal? O que estou fazendo aqui nesse mundo, que segundo Leibniz é “o melhor dos mundos possíveis”? (E eu nem quero pensar nos piores…)
O Reichmann questionou se aos 60 anos um homem já deveria ter feito sua “descoberta”. Será que esse homem percebeu isso? Será que ele não passou por cima, sem perceber, daquilo que mudaria radicalmente sua vida? E se ele fez essa “descoberta”, será que a mudança justificou a expectativa?
Mas como saber, afinal?
O Fernando Alonso é campeão do mundo de Fórmula-1, aos 24 anos de idade. Aos 24 anos ele se tornou o melhor do mundo naquilo que faz. Parece que isso joga na minha cara o quanto sou inútil, um medíocre.
A maioria dos grandes homens deixou sua marca na História com menos de 30 anos e são poucos os que fugiram disso. E eu nem falo de caras como Mozart, que são de outro mundo (aos 6 já era um prodígio e aos 9, se não me engano, compôs sua primeira sinfonia). Fico pensando se minhas chances de fazer alguma diferença, nesse caos que é o mundo, não estariam sendo reduzidas muito rapidamente, na medida em que o tempo avança a galope.
Estou ali no meio do caminho; já deixei, há muito, meus 20 anos, mas ainda estou longe dos 60 (isso é bom?). Talvez eu deva encarar isto como uma vantagem, porque ainda tenho um bom tempo pra “descobrir”.
Ou não. Pode ser mais uma das tramas do destino (esse pulha!): ver-me consumindo por mais alguns anos, sem saber… “descobrir” o que, afinal de contas?
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