LIBERDADE
O que é “ser livre”, afinal de contas?
Somos sempre levados por poderosas correntezas, de um lado para o outro, por mais que resistamos. Vez ou outra chegamos a pensar que nossos esforços é que nos levam nessa ou naquela direção; mas, ao olharmos mais atentamente, podemos perceber que foram as ondas que mudaram.
Somos feitos e desfeitos conforme os contextos que se apresentam, conforme quem nos avalia ou conforme as coisas já estejam dispostas.
Somos jogados de um lado para o outro pelos outros, mas nós também somos os outros dos outros. Não somos ninguém sem os outros, mas, na verdade os outros também não são ninguém especificamente, são todos. Ninguém é ninguém, ninguém é os outros (já dizia Heidegger), todos são, embora não exatamente.
Então, talvez não exista a tal da liberdade, porque cada movimento nosso está diretamente ligado aos movimentos dos outros e os deles aos nossos, como os nós de uma rede (quando um é puxado, outros tantos também mudam suas posições). E, se houvesse mesmo uma tal liberdade, ela seria insuportável e enlouquecedora, porque não saberíamos o que fazer com ela (imagine-se em meio a um grande e verdejante campo, sem qualquer compromisso ou empecilho ao movimento em qualquer direção e em qualquer momento. Para onde você iria?). Isso talvez signifique que necessitamos das amarras aos outros, mas, por outro lado, somos aquilo que esses outros nos fazem ser.
Mas quem sou eu nisso tudo, então?
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