Simplicíssimo

Pular na Cama

PULAR NA CAMA

Tem um carinha pulando na minha cama.

Ele tem cinco anos e um colchão de molas parece ser a melhor coisa do mundo.

A matemática daquela cabecinha é bem simples: Se é divertido, então é só fazer.

Não fosse uma diferença de trinta e cinco anos, talvez eu também estivesse ali fazendo festa. Mas, os cálculos nesta cabeçona são mais complexos, porque antes mesmo da noção de diversão já vem a idéia dos danos àquele tão amado depositário de minha combalida carcaça.

Imagino que o fabricante do colchão não tenha tomado a precaução de calcular a resistência das molas aos pulos de um adulto quarentão e com quase dois metros de altura. Isso significa que, muito provavelmente, eu teria que providenciar outro colchão, o que implicaria em um novo estudo orçamentário incidindo sobre um caixa já debilitado.

Já passou muito tempo desde que brinquei de pular na cama pela última vez. Nem lembro mais quando foi, mas provavelmente tenha sido em tempos melhores, quando era mais feliz. Depois aprendi o valor das coisas, o custo das escolhas, a complexidade que parece inerente à felicidade.

Bom, este parece ser um tempo feliz na vida desse carinha. Ele não tem que se preocupar com o valor do colchão ou com conseqüências. A alegria não tem esse preço; ela simplesmente é.

Acho que somos felizes apenas enquanto podemos pular na cama, alegremente, despreocupadamente.

Leandro Laube

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