Estou me movendo rapidamente agora. Para longe das trevas. Dentro do caos. Pré-gênese. Pró-criação. Adentrando num universo inexplorado e heterogêneo. Infindo em suas possibilidades. Onde pele, cheiro, olhos, bocas, cabelos, pernas, mãos, mente, cérebro, carnalmente sensorial, abstratamente rico. O que dantes vivi, o que hoje sou. O demônio preso ao céu. Faminto. Prestes a.
Há algo de felino no ambiente. A luz baixa. A voz que sussurra. Devaneios numa noite fria de outono. Atração espontânea. Inevitável. Combustão iminente.
As outras se tornam pálidas, risíveis, encerradas em suas pequenas virtudes e deformações. Nela, cada célula transborda imensidão: sístole e diástole, ir e vir, transtornos e predicados. Armadilhas, arquétipos, maniqueísmos: todos destruídos. Deslizando através de seu poder animal. O tigre desperto. Impetuosa taurina.
Pasmo essencial de ter re-nascido. Restaurando o que jamais se quebra. Explodindo em ondas…como quem rodopia entre tecidos imaginários recônditos nos labirintos mais escuros do inconsciente. Como se tivéssemos consciência de algo. Mas temos. Não? É a experiência viva, multiforme e surpreendente. Capaz de tomar o contorno que quisermos. Work in progress. Novos sabores. Luzes de vários tons. Música por todos os poros. A mulher que nunca deixa de ser menina.
Quando a estupidez, o ordinário e o trivial simplesmente desaparecem. Quando a sorte te solta um cisne na noite. Revelando-se desnuda e suculenta. Convidando-o a sorver cada oferta, cada semblante. Então você imerge. E já não quer voltar à superfície.
E toda a volúpia, a atração, sabedoria e completude. E tudo aquilo que instiga, indo além de qualquer expectativa prévia. Ultrapassando o caráter cacete de grande parte da humanidade, envolvendo e tomando forma sob um único ser. Onde tudo de mais belo, instintivo, espontâneo e visceral encontram sua síntese inequívoca. O símbolo indissociável da vida em sua forma mais plena.
Uma letra, um som: L.
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