A adicção, ou o vício em drogas, lícitas (como álcool e cigarro) e ilícitas (cocaína, crack ou maconha), é definida por grupos como o Narcóticos Anônimos (ou NA, como será referido neste texto daqui para a fente), como uma doença incurável, progressiva e fatal.
Ainda de acordo com o NA, as vítimas da doença podem antever para si próprias três finais possíveis: morte, hospitalização ou prisão.
Um membro do NA definia a droga como a doença do "ainda". Segundo ele, o viciado "ainda não roubou", "ainda não matou" ou "ainda não se prostituiu para sustentar o vício".
Mas, segundo ele, inevitavelmente, caso a doença progrida, um desses "aindas" acabará se tornando um "já".
A proposta de NA é simples: aos novos membros que entram na irmandade, sempre a partir de um ato voluntário, é recomendada a completa e imediata abstinência do uso de drogas.
A abstinência, a interrupção do uso de qualquer substância que seja identificada com a adicção, é acompanhada pela recomendação de que o novo membro participe de 100 reuniões diárias, durante cem dias.
A ideia contida nessa proposta é a de que apenas um adicto em recuperação pode ajudar outro adicto, e a participação em reuniões da irmandade levará à escolha de um padrinho, ou seja, de um membro mais antigo que possa ajudar o novo integrante em sua recuperação, através da jornada pelos 12 Passos de NA.
Apesar de todo o programa, jamais conheci um viciado em drogas que não tenha recaído no uso, mesmo entre aqueles que já haviam passado por períodos de internação em clínicas de desintoxicação, e que sinceramente aderiam ao programa de todo o coração.
As drogas são insidiosas. O viciado pode ser tentado a usá-las em um momento de alegria, assim como em um momento de tristeza. Pode querer usar quando estiver em um grupo, ou quando estiver sendo devorado pela solidão.
Mas, aparentemente, segundo os membros mais antigos de NA, recaídas são esperadas em todo o processo de recuperação.
A grande questão, segundo me foi apontado, é: o que o viciado faz depois da recaída? Ele, ou ela, retorna ao programa, ou aceita a recaída e suas consequências, e decide continuar o uso?
Na minha opinião, a chave da recuperação está em jamais se esquecer do que aconteceu durante o período de uso.
Porque o uso de drogas tem um preço, que é muito maior do que o dinheiro necessário para se comprar drogas.
No final, muito mais coisas foram deixadas pelo caminho. E nem todas elas podem ser conseguidas de volta.
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