Isso nunca aconteceu. Mas poderia ter acontecido e, ai, ai, como eu queria que tivesse acontecido!
Mas nunca aconteceu.
Eu a vejo, novamente. Magníficos olhos azuis. Cabelos loiros demais para o meu gosto. Parece mais alta.
Incrivelmente linda. Como da primeira vez. E da última. Como todas as vezes.
Eu congelo. Ela congela.
Meu estômago dá voltas, teimosamente decidido a não me obedecer mais.
E eu, eu gaguejo.
Fico sem palavras diante da mulher da minha vida.
E ela percebe, com um olhar de rabo de olho.
De novo, aqueles inacreditáveis olhos azuis! Que me congelam, que me partem ao meio.
Eu caminho, embaraçado, até ela. Nem de longe, sou um cara seguro de si mesmo. Estou em pedaços. E faz tempo que desisti de tentar colar os cacos.
– Oi, eu digo.
– Oi, Thiago, ela diz. Está tudo bem?
Não, não está nada bem! Morro de saudades, penso em você o tempo inteiro. Não consigo esquecer você.
Eu penso. Coração cheio até a boca. Mas não digo nada.
Se um amigo estivesse por perto, ele provavelmente me daria uma cotovelada – ou uma porrada que valesse – e me diria para ser macho.
– Sim, está tudo bem, diz o pequeno menino orgulhoso que se esconde aqui dentro. Tudo ótimo.
Eu apenas queria abraçá-la. Como da primeira vez.
Mas isso nunca aconteceu.
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