Simplicíssimo

Escrever por Escrever III (excertos)

{05/06/2000 – Segunda-feira – 19:22}

Como vovó já dizia: “Quem não tem colírio usa óculos escuro”… Pois é, quem não tem cão, caça com gato. Pois é justamente essa adaptabilidade característica das pessoas inteligentes que – li certo dia – seria impeditiva do progresso. Para mim isto é algo paradoxal: tudo bem, concordo que se nos adaptamos ao ambiente, mudando a nós mesmos para aceitar ou para viver melhor, certamente não mudaremos este mesmo ambiente, evitando dessa forma o “progresso”. Mas será que o “progresso” é sempre necessário? Será que embutido na palavra “progresso” não está um sentido de necessidade, ou seja: só se deve progredir e mudar algo quando isto realmente é necessário, quer seja para aperfeiçoar, para facilitar, para tornar mais cômodo ou inteligível?… Além do que, creio que juntamente com a palavra inteligente vem a sapiência, a capacidade de discernir quando o progresso, ou a modificação do ambiente será mais benéfica do que a mudança de si próprio para se adequar às necessidades do meio.

Hoje conheci o Dr. Abruzzi. Pessoa parecida, de certa forma, comigo. Chegou lá na Emergência trazendo um vídeo, algumas palavras cruzadas, uma revista Veja e um livro do Carl Sagan. Pessoa bastante culta, com um conhecimento geral enorme. Disse-me que tem uma biblioteca de cerca de 3.000 livros, contando com exemplares de Filosofia, História, Artes e das mais variadas áreas do conhecimento. Sempre bem humorado e disposto a falar sobre “viagens” de qualquer tipo. Me contou sobre a experiência que tinha com um teólogo, com o qual se encontrava de vez em quando em um restaurante e o qual foi, durante algum tempo um auxiliar, um guia para suas leituras, e pessoa com a qual podia discutir abertamente sobre vários temas do conhecimento. Gostaria de encontrar uma pessoa assim! Que me ensinasse um monte sobre um monte de coisas mas também alguém a quem eu pudesse ensinar muitas coisas… Bem que poderia ser uma mulher… E bonita… E charmosa… E inteligente… E que ficasse a finzona de mim… Bom, deixa pra lá!!!

Tem tanta coisa que me vem à cabeça durante o dia e dá vontade de escrever mas ou eu estou ocupado fazendo alguma coisa (na maioria das vezes) ou não estou com saco de escrever ou simplesmente acho que vou me lembrar mais tarde mas acabo esquecendo (nossa! Essa frase ficou uma loucura sem pontuação!!!) e no fim das contas não consigo deixar registrado. Acho que isso é um sinal de senilidade. Afinal de contas, existem três sinais de senilidade: o primeiro, é a falta de memória; os outros dois… bem, os outros dois eu não lembro!

Tem uma coisa que eu estou muito a fim de comprar: um aparelho de som da Sony com capacidade para 3 CDs, 5.000 Watts de potência PMPO (250 W x 2 RMS) e com MD player. Ficaria muito feliz se pudesse comprar, pois assim poderia gravar minhas seleções musicais de CD para MD e escutar, tanto no som de casa quanto no carro (pois o som do carro é um JVC que tem MD e CD player). Falando em objetos de consumo, eu também gostaria de comprar um baixo da Ibanez de 5 cordas que vi numa loja do shopping, um saxofone, uma guitarra Gibson SG, uma Gibson Les Paul e um teclado e outros instrumentos musicais além de um gravador digital de 8 ou 16 canais. Também seria legal comprar umas roupas novas (não necessariamente novas, podiam ser de Brechó, mas novas para mim), a coleção dos Pensadores (estou esperando o relançamento), uma televisão gigante de 38 polegadas e um DVD player além de uma academia de musculação para minha casa. Isso me lembra que quero voltar a fazer capoeira e musculação, quero fazer aula de canto e também de dança de salão. {05/06/2000 – Segunda-feira – 20:10}

{05/06/2000 – Segunda-feira – 23:08}

Tem mais uma coisinha pra deixar escrita hoje: é sobre o Thomas Hobbes e sua teoria do contrato social. Segundo ele, todos seres humanos seriam iguais por natureza e teriam como princípio básico o da auto-conservação. Em um estado natural, sem governantes, sem leis, esse princípio de autoconservação faria com que todos os homens buscassem a liberdade e conseqüentemente o domínio de uns sobre os outros, para evitar que sua liberdade fosse ameaçada. Dessa forma, instalar-se-ia uma “guerra de todos contra todos”, que levaria a uma vida bruta, asquerosa e breve. O passo seguinte seria a constatação pelos próprios homens dessa situação desprezível e, a partir daí, eles elaborariam uma forma de fugir deste fatídico destino. Essa forma seria a elaboração de uma espécie de “contrato social”, um pacto entre os homens, onde eles abdicariam de todos seus direitos em prol da coletividade, da convivência harmoniosa em sociedade, sendo que suas liberdades seriam então determinadas por um governo único a todos, que, segundo Hobbes, poderia ser uma democracia, uma aristocracia ou uma monarquia. Vou dar um jeito de comprar ou conseguir emprestadas as duas principais obras desse filósofo: “Leviatã” e “Do Cidadão” para poder comentar mais aprofundadamente. Isso me lembra de reler “A Utopia” de Tomas Morus e “A Desobediência Civil” de Henry David Thoreau.

Acho que vou começar a incluir aos poucos algumas coisas que escrevi a tempos atrás, desde poemas até pensamentos ou mesmo trabalhos da faculdade ou escolares que eu achar interessantes. Podem ser chatos às vezes mas dão um caráter autobiográfico e descrevem melhor que nada certas formas de pensamento localizadas temporalmente e em relação a minha faixa etária. Pode ser interessante. Pôxa! Que salada mista que isso vai ficar. Bem, pelo menos eu vou achar interessante ler isso daqui a uns 20 anos!!! {05/06/2000 – Segunda-feira – 23:33}

Rafael Reinehr

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