Simplicíssimo

A Duração dos Tratamentos da Depressão

É comum ver pacientes com depressão pensando em largar seus remédios, tão logo melhoram. Alguns tentam largar muito cedo o antidepressivo, para ver se vão conseguir passar sem ele. Infelizmente, tal atitude aumenta o risco de recaídas. Vejo, seguidamente, pessoas com muitos anos de doença que já tiveram vários ataques de depressão, após várias pausas prematuras no tratamento.

Começar e parar seguidas vezes o tratamento da depressão pode ser tão prejudicial quanto a própria doença e, sem dúvida, agrava ainda mais a situação. Casos assim tendem a ser mais longos e, ao fim das contas, são mais difíceis de tratar, o que pode acabar requerendo doses maiores e combinações mais complicadas de medicamentos.

O fato é o seguinte: quanto mais cedo começamos a tratar a depressão, maiores as chances de recuperação. Quanto mais tempo deixarmos a pessoa livre de sintomas depressivos, maior a chance de, um dia, retirar o remédio com sucesso. E as pessoas que já trataram corretamente e com sucesso uma depressão, têm muito mais chances de superar uma nova crise.

Só que o tratamento correto requer tempo. Após vencida a fase aguda da doença, o paciente inicia a fase de continuação do tratamento. Esta fase dura de 12 a 18 meses. O objetivo da continuação é manter a pessoa bem, preservando as suas melhoras.

Este é um dos pontos-chave: o paciente precisa ser orientado a seguir tomando o remédio, mesmo se sentindo bem, para prevenir recaídas. E não se deve reduzir a dose do antidepressivo nesta fase, pois a redução comprovadamente aumenta o risco de recaídas.

Se for a primeira crise depressiva, após 12 a 18 meses de continuação, pode-se reduzir lentamente o medicamento, até sua retirada total.<

Mas pacientes que já tiveram 2 a 3 episódios depressivos ao longo da vida têm risco altíssimo de recaída: de 80 a 90%. Nestes casos, além dos 12 a 18 meses da fase de continuação, entraremos na fase de manutenção. A fase de manutenção do remédio é bem mais comprida: pode durar de 2 a 5 anos.

Em casos de alto risco, o longo tempo de tratamento é essencial: é muito melhor passar 5 anos com remédio e sem depressão, do que passar 5 anos sem remédio e com depressão.

Luiz Eduardo Ulrich

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