O desastre não nos sai da cabeça. Os gaúchos ainda estão consternados e, creio, o país segue com uma sensação terrível sobre o fato. Morreram muitos jovens com futuro promissor, alguns ainda na barriga de suas mães. Curioso, mas os embriões ou fetos não entram nas estatísticas, não contam como “mortos” porque ainda não nasceram. Isto mesmo nesta nossa era, em que é possível saber das feições e comportamento do bebê ainda durante a gestação. Já inventaram até ecografia colorida, em 3 (ou 4) dimensões. Oficialmente, o não-nascido fica fora das estatísticas, embora multiplique a dor das famílias. Morreram também muitos senhores e senhoras no auge de suas carreiras, em plena maturidade profissional. Perdas imensuráveis. Tempos atrás escrevi algumas coisas sobre espiritismo. Bem, seria muito bom que estivessem todos os mortos agora em um lugar melhor. Seria bom que, desprendidos da matéria, estivessem eles até mais leves, dispostos a consolar em sonhos os que ficaram neste mundo. Dispostos a tornar mais suportável esta nossa passagem terrena, fértil em realizações e possibilidades, mas carregada demais em dores, penas, conflitos, um fardo que cada um cuida de carregar a seu modo. Alguns sentem mais serenidade, outros menos, mas a dor da condição humana não escapa aos olhos mais sensíveis. E nisto, talvez, nossos amigos, ora desencarnados, possam nos ajudar: seja mais leve a trajetória dos que ficaram. Coragem. E não esqueçamos nunca de brindar os que se foram com nossos bons pensamentos e orações, pois parece que disto eles se beneficiam e, para os nossos corações, isto também há de ser um conforto.
À parte o desastre aéreo, me ocorreu chamar a atenção, por analogia, para o fato de que morrem 200 pessoas no Brasil a cada 2 dias, vítimas de acidentes de trânsito. É como se um Airbus lotado caísse a cada dois dias. São cerca de 35 mil mortos no trânsito terrestre por ano. 35 mil. Fora os feridos, muitos deles ficando com deficiências físicas sérias. É apavorante saber que agora muita gente vai fazer suas viagens de carro ou ônibus, porque há um caos rodoviário silencioso em curso há várias décadas no Brasil. Há muitos mais quilômetros de asfalto a rever do que aqueles da pista de Congonhas. Deus nos proteja e abençoe a todos.
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