Nesta segunda-feira o mundo testemunhou a confirmação prática de uma verdade insofismável:
para passar o sarrafo é necessário ter à disposição uma boa vara. Fabiana Murer, essa desfortunada saltadora nacional, sentiu em seu âmago o amargo sabor da vara perdida. E a China, que já dera ao mundo a maravilha da muralha, dos brinquedos tóxicos, da livre concorrência desleal, da gripe aviária, do assassinato de bebês-meninas como forma de controlar a natalidade, da pena de morte para quem passa cheque sem fundo, daqueles guarda-chuvinhas miseráveis que entortam e quebram ao primeiro ventinho, daqueles semelhantinhos bonequinhos bonitinhos de enfeitar estantes que mataram o artesanato de pequenas peças de cerâmica do nosso país; essa mesma boa China, essa verdadeira chinoca véia de grandiloqüente memória, sumiu com a vara da Fabiana. E tem mais: essa véia china achou suficiente desculpar-se por meio de um frio memorando de papel. O papel nós também devemos à China, bem como o I Ching e o sabido do Confúcio. Enviemos, portanto, agradecimentos e cordiais saudações aos chineses pelo papelão inventado ontem.
Por aqui pelos pampas, quem perdeu a vara foi o Sport Club Internacional. Creio que o rotundo fracasso colorado se deva a tantos fatores, que inumerá-los fica até trabalhoso. Os principais:
1 – Desde 2007 o treinador Abel Braga resolveu desmontar a equipe e montá-la à sua imagem e semelhança. Estava visivelmente intoxicado por um triunfo que deveria tributar a Muricy Ramalho (a Libertadores e o Mundial de 2006). Sim, isso mesmo, pois o hoje treinador do São Paulo levou pelo menos 3 anos para montar o Internacional vencedor de 2006. Obtivera, convenhamos isso pelo amor de Deus, o título de campeão brasileiro de 2005, confessamente roubado pelo Corínthians, na pessoa de seu então presidente Dualib. Abel em 2006 não fez mais que aproveitar o trabalho de seu antecessor. E passou 2007 se achando "o cara", perturbando o comando do vice de futebol colorado (Giovani Luigi) e promovendo indevidamente jogadores perna-de-pau e lideranças prepotentes dentro do grupo de atletas.
2 – A saída do preparador físico Paulo Paixão (dezembro de 2006, após o mundial) – o time do Inter de hoje em dia mal se agüenta em pé.
3 – Lentidão da direção do Inter na contratação de reforços que, para piorar, foram atletas que já chegaram sem preparo físico adequado, complicando ainda mais a situação da equipe inteira.
4 – Muitos jogadores importantes ou recém-contratados que passaram muitos meses lesionados, sem jogar. Isso para não falar do surto de hepatite A – já estávamos no início de 2008 – que tirou 4 jogadores de cena por 2 meses.
5 – Demora para demitir Abel e demora para contratar um treinador decente.
Há outros motivos, certamente, para o Inter não mais passar o sarrafo em ninguém. E há decerto correções a fazer em minhas hipóteses. Tais correções só seriam possíveis se eu trabalhasse dentro do clube, no dia-a-dia da equipe e dos dirigentes colorados. Não é menos certo dizer-se que tagarelar de fora da situação é muito fácil. Mas reconheçamos pelo menos meu esforço neuronal como atitude bem mais mais civilizada que atirar pipocas no ônibus do time. No mais, só me resta torcer para que encontrem a vara colorada antes de ingressarmos na zona do rebaixamento, e que o time pare de jogar um futebol que parece ter sido importado da China.
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