Deixa o homem trabalhar!

 Deixa o homem trabalhar

Com o fantástico slogan acima, mais um brilhante fruto de algum publicitário, o atual Presidente da República relança a sua reluzente patrola eleitoral. Plenamente recuperado do acidente do primeiro turno, o presidente que é meu amigo (ao menos ele me chama assim pela TV) aponta na reta de chegada, todo rechonchudo, sorriso de orelha a orelha, as bochechas mais rosadas do que nunca.

O adversário deu uma bela mão. Escolheu mal sua tática ao adotar o mono-tema do dossiê. O picolé de chuchu derreteu com o tempero. A estratégia do ano inteiro foi mal escolhida, favorecida pela disputa interna do PSDB, bem como pela decrepitude política do PFL. O PMDB, que há muito tempo vinha se afeiçoando ao PT, tornou-se o capacho vermelho do partido da estrela.

Tudo se encaixa perfeitamente. Erra feio o Alckmin ao dizer que o PT e seu supremo comandante debocham do povo brasileiro. Na verdade o primeiro-molusco da nação está debochando dos tucanos. Aquela coisa de que o batráquio barbudo vem “de novo, com a força do povo” é a mais pura verdade. O PT e o povo brasileiro não formam um par do tipo vigarista e otário: ambos são cúmplices. E dos bons. Passaram a perna em um grupo que vinha de posse do Brasil há quase 15 anos.

Uma mão lava a outra. Fingimos que não sabemos de nada a troco de receber uma migalhinha do bolo farto da corrupção política nacional. E assim nós honramos uma longa tradição, a do político que “rouba mas faz”, lema uma vez atribuído a um certo Ademar de Barros. O mito do Pai dos Pobres vence mais uma vez, desta vez sem necessidade de suicídio, como o próprio batráquio fez questão de dizer.

O revival é tão sensacional que ressuscitaram Carlos Lacerda. Caramba! Chamar tucano de lacerdista numa era em que o Senador Collor de Mello é aliado político fervoroso do chefão do PT é uma bizarrice bisonha. E por falar em bis-eleição, me deu vontade de saborear um Bis. Té mais, “povo”.