Satisfação e Segurança
Acompanhei um pouco das recentes discussões sobre finanças aqui no simpli. O fato é que sobre o futuro podemos apenas estabelecer hipóteses, esperando que as coisas funcionem como imaginamos. A compra de um imóvel, citada no último editorial, teoricamente rende ao comprador a segurança de um bem estável, bem como de um teto, o que pode compensar o dinheiro movimentado. Muitas pessoas fazem isso pensando, não na satisfação imediata, mas em ter um lugar para viver quando a velhice chegar, o que não é pouco. Mas e se um desastre natural varrer o imóvel? Se explodir uma guerra contra a Argentina e o bendito lar tombar sob um bombardeio? Este tipo de coisa é raro, mas, quem sabe, num espaço de 50 anos, pode acontecer.
Pensemos agora no investimento bancário. Oba, belos juros, magníficos rendimentos! Legal, mas e se o banco falir? E se um novo crack se abater sobre a bolsa de NY? E se a economia brasileira for a pique? Isso já aconteceu tantas vezes! Pensem nos últimos 50 anos da História do Brasil. Tentem agora projetar os próximos 50, se puderem. O fato é que satisfação das necessidades básicas de sono, alimentação, vestuário e moradia, bem como a segurança de que estas perdurem, são pedras fundamentais para o exercício de diversas profissões. Apenas gênios extraordinários, em inteligência e resiliência, são capazes de produzir satisfatoriamente em condições de penúria. E mesmo alguns gênios admitiriam, se interrogados, a importância de estarem tranqüilos para desenvolverem seus trabalhos.
Tais necessidades são, há muito tempo, conhecidas pelos psicoterapeutas. Fazem parte da fundamentação teórica e prática da profissão. Estudos, supervisão de casos e o tratamento do próprio profissional, consomem tempo e dinheiro. Fica bem mais difícil se concentrar nos relatos dos pacientes, se o terapeuta estiver com os aluguéis atrasados, ameaçado de despejo, o nome no SPC e prestes a ser papai pela quinta vez.
Tais princípios, na minha opinião, são extensíveis a todos os ramos da medicina. Demonstram o porquê dos honorários, que em sua raiz nada têm de ganância, mas antes são uma questão de sobrevivência. Garantem a manutenção de nosso bem mais precioso, o cérebro, e que possamos pô-lo a serviço dos pacientes. Em última análise, é isto que fazemos: emprestamos o nosso cérebro ao paciente para auxiliá-lo a pensar.
Excluo deste raciocínio, evidentemente, todos os colegas que transbordam os limites do bom exercício profissional em nome da ganância. O pagamento desses não mereceria a qualificação de “honorários”, e sim, talvez, de “des-honorários”.
E POR FALAR EM SATISFAÇÃO… DÁ-LHE COLORADO!!!!!!!!!!!! O MUNDO É VERMELHO!!!!!!! O MUNDO É VERMELHO!!!!!!!! A TERRA É VERMELHA!!!!!!!!!!!! DÁ-LHE COLORADO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
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