Três Gotas
Três gotas de uma boa ironia… ou dois goles, se chego a tanto… Pequena é a dose da ironia que, certeira em seus propósitos, lança as suas sórdidas línguas de fogo contra o turvo cotidiano. Turvo? Nebuloso… Coruja sinistra a repetir: “tu-turvo, tuturvo”…
Curvo-me: curvo minha espinha diante de vós, ó sórdido, sinistro, bastardo, cancro fagocitário da sociedade! Por favor, não me fagocite! O prometo, serei bom rapaz…. Silêncio… o Grande Fagócito me ignorou, ingressou na mata sem soltar um pio (não me surpreende, pois só os pintos podem soltar um pio; no máximo ele poderia soltar um pum).
Pio… o mais pio dos homens, um mar de dúvidas infindas. Por mais que estudemos, o vazio sempre é o mesmo, sempre… Preenchemos com liras, com brutalidades, exibições, congressos carnais exuberantes, voracidade!
Voracidade, violenta afirmação do desejo! Violenta, brutal, infantil… tanto te querer, e não poder me refrear… Realizar o tal desejo, nele inteiro então fundido, liga estéril, mas altamente durável.
Durável tem sido o culto ao mínimo, reduzido a curiosa caixinha. “Miniaturas”, já se disse em outros tempos, “miniaturas”…
Ah, os líricos caprichos da morna brisa me destacam de minhas linhas senis… Ah, primaveras! Ah, bosques! Ah!… Ah, ta bom, hora do repouso, esperem-me apertar um…
Já sabe aquela estória, “se você chegou até aqui, parabéns, e tal e coisa…”? Pois é, leitor, esta marmota foi longe em seus propósitos… Queria ver o Dumbo pilotando uma Ninja? Feito. Queria ver os famosos elefantinhos voadores com suas bolinhas multicoloridas? Feito. Nada mais há que esta marmota não possa fazer. Nada.
Nada como uma bela virada maníaca. (Ai! Pingaram três gotas de ironia no meu olho!)…
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