Somos por natureza nômades. Por mais que enfrentamos as piadinhas de que gauchos são suburbanos ou bairristas, sabemos que existimos em todo o mundo. Ao chegar em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, fiquei espantada com a beleza desse lugar e descobri que essa cidade morena – como é chamada – tinha muito a me entregar. Porém, deparei-me com algumas hilariedades com referência ao dialeto, gírias e palavras diferentes aos nossos ouvidos.
Um dos maiores "fora" que dei foi ao ir até a padaria para comprar pães.
Dei meu bom-dia ao balconista e pedi sorridente dez "cacetinhos" quentinhos e crocantes para o café da manhã. O rapaz ficou vermelho até o pescoço. Os que estavam esperando a hora riram sem graça e eu esperando os cacetes para engolir pois, a fome era grande. Foi quando gentilmente outro balconista se aproximou e comentou com o moço, que continuava vermelho, não sei se para rir, ou de vergonha, que eu estava pedindo "pães franceses", ou francezinhos.
Saí de fininho com os francezinhos no saco, só ouvindo as gargalhadas do recinto.
Como é demorada a adaptação dos diálogos nesse país imenso, os brasis de nosso Brasil.
Hoje, sobrevivo aos apelidos das coisas comuns das regiões, comendo franceses com gosto de cacetes riograndenses.
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