Brabeza de Mimi era o nome. Mimi soa feminino e ela macho. Macho mesmo, com bigode e pelo na cara.
Meus cinco anos achavam esquisito aquelas bolinhas peludas abaixo do rabo. Quando mexia nelas, Mimi tacava as unhas em mim. Os olhos azuis ficavam pretos e saía em disparada porta afora.
Voltava. Voltava sempre. Comia. Bebia. Dormia. Independente quando podia. Rom-rom em meu ouvido de sono. Noite inteira.
Enrolei Mimi na manta cor-de-rosa e tentei colocá-lo na casinha com as bonecas. A fúria explodiu: Tapa na cara, olhos azuis-pretos, mais olhos vermelhos do choro e sangue.
Mimi arrancou a manta cor-de-rosa… Correria para escapar das chinelas. Debandada pelos muros da visinhança.
Nunca mais voltou!
Para parar o choro da saudade, ganhei uma gata angorá. Caminhar sensual. Olhos cor de mel. Enrolei na manta cor-de-rosa. Enrodilhou-se com as bonecas.
Dei nome de batismo com água e arruda: BERNARDO.
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