Uma luz inquieta me acorda do sonhar, e fico num lusco-fusco entre sono e vigília. Atravesso porões, subo escadas, abro portas que chegam a corredores longínquos, escuros, atordoados. E novas portas. Silêncio, e tantos rumores. Levanto, em susto. E já não sei mais se é desperta ou em sonho que lembrei de algo. Esqueço depois. De novo, corredores, portas, porões. Gentes que nunca vi, lugar estranho. Máscaras de conhecidos, em frases sem nexo. Caminho neste labirinto, ajeitando o travesseiro. Claridade parece vir de um dos cômodos. Cenário tortuoso. Luzinha trêmula, veste de antigo o meu sonho, reflete-se na cristaleira, pinga cores na sala vazia. Na inquietude da luz.
Permaneço em zigue-zague, da loucura à sanidade. Desperta e sonhando. Entre o ruidoso silêncio e a quietude dos rumores, o escuro do sono e a iluminação indireta da vigília.
No desassossego que me acorda do sonhar.
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