Dia desses voltei a colar recortes, como fazia em minhas agendas dos quinze anos. Surpresa foi que muito pouco mudou… Beijos, viagens, figuras estrambólicas para representar os sonhos mais esquisitos. Tudo muito parecido, e muito diferente das colagens de minha adolescência, tao ricas de expectativas. Era como se, tanto tempo depois, as figuras de hoje respondessem às daquela época, mas ainda tenho tantas perguntas… E cavalos, torres, castelos, janelas, pontes, gentes, trens, telefones e luzes espalhadas, e a mistura do antigo e do novo, a união dos tons, a perda da ingenuidade, e um desejo em tom pastel de tê-la de volta. Tudo isso na liga de imagens que se encontram numa tela, perpassam o tempo e me levam de volta para mim, feito carteiro distribuindo correspondência. E cá ou lá não sei se tenho quinze ou trinta e dois anos, muitas gravuras são recordações, outras memórias que imaginava colher. Retrospectivas, revisitas, mesas e cadeiras onde queria ter sentado para um café. E o tempo, que esse desenha-se em risco próprio, se faz presente no inteiro, toma-me de surpresa ao despertar os girassóis da manhã.
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