Abri a porteira e deixei o mar correr campo afora. Era onda pra todo lado, tanto horizonte de campo e de espumas que me perdia olhando. Momentos, parecia estar me afogando neste sem-fim, sem encruzilhada ou arrebentação. E o vento a sacudir a vela pra lá e pra cá, num jocoso balançar do barco à deriva. A figueira, preguiçosa, se jogando na rede do vento, em folhas indo e vindo, serena.
Fico sem saber se lá longe, pra cá do horizonte, são as ondas ou as montanhas que se revolvem e se dobram, em formas tão sedosas, de dar gosto ao olhador. Finjo ver de um tudo; nas lonjuras, muito me escapa desse campo todo, que água e pasto se entremeiam num só. Quanto se conhecem, estes vastos panos, se estendendo ao sol em tênue melodia. Num macio atormentado pelo barulho do mar e o silêncio da terra, tento um passo adiante com os olhos, que é pr´um ver melhor.
Das encruzilhadas, mal sei contar. Parece que passei por uma ali atrás, antes da velha porteira. Ou seria a danada da arrebentação, que se atravessou na minha frente? Escolhendo trilhas, bem olhando o risco que o tempo faz no céu, me fui mar adentro…ou campo afora.
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