E já podemos dizer que o ano acabou. Agora, são planos de meio ano. Meios descontos. Meios anseios. Tantos pontos. E nenhum. Balanço do ano pra trás. Seis meses.Eu já dizia:feche os olhos e junho acabou. Aterrorizante?Espere chegar setembro. E já pode começar com os presentes de natal. Insanos dezembros. Me perco. Se é calendário, já olho a semana do ano. Sem planos. Aniversário, logo ali. Aqui. Terror do tempo passando. Páro um segundo, e já passou. Giro o mundo no giro da hora. Sou eu e muitas aqui, dividindo os turnos deste meio ano. Mas sou eu, enfim. E não queria tanto mais. Além da loucura. Queria um pouco de loucura, também. Além das tantas loucuras. Queria fúria. Sentir. Um relógio que contasse de mim pra trás. Só espiar. Amar.Contar o tempo. Sem ver passar. Ver passar o tempo. Sem contar.Uma janela que abrisse pra dentro. Vento. E meio ano rodopiou.Ciclone de tudo. Queria dizer queria, e poder lamentar.Que bom é lamentar. Se queixar. Mas não deu. Já se foi meio ano. E nem me queixei. Que pena. Nem sei mais o que é tempo de trás, tempo pra frente. Parada no tempo, sem saber. Esperando escurecer, pra chegar amanhã. Sem saber. O que é março, abril, maio. Junho. E junho acabou. Sem que eu visse. E nem sei se estou preparada pro resto do ano. MEIO ANO. Ninguém pergunta se o ano pode continuar. Vai continuando. Ninguém pergunta. Ninguém responde. Ninguém fala. Silêncio. Ficamos sem saber. Sina. Ninguém ensina. Julho chegou, como de surpresa. Fazemos de conta. Deixamos passar. Sem saber? Sabíamos que chegaria. Sabíamos que passaria. O ano passa, assim. Me aterrorizo, e me alivio. Tempo que passa. Tempo que leva. Tempo que traz. Tempo que faz. Sórdido percurso, o do calendário. Perco o tempo. Me perco do tempo. O tempo se perde. Esvai. E o que era anteontem já foi mês passado. O amanhã era em abril. Assaduras do tempo. Doídas. Caladril. Feridas. Ócio. Minutos. Horas. dias. Meses. Meio ano. Eu, nova de mim. Já me desconheço. Não pareço. Aconteço. Esqueço. Endereço? Junho. Já foi. Quando foi? Ano passado. Mês passado. Foi comigo? Ou escutei contar? Tanta coisa. Minutos de mim. Eu, assim. Nua no tempo. Nua na chuva. Nua. Chove na rua, e faz sol. Chove em mim. Amanhã, terça-feira. E de novo. Me canso. Danço nesse balançar. Me entristeço. Pesar. E sorrio de novo. Férias de julho. Era antigamente. Acabou um mês. Um a mais. Segundo semestre. Sem mestres. Sem sono. Amanhã é um dia comum. De acordar cedo. Nenhuma novidade. Cotidiano. Meio ano.
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