São Paulo, 13 de junho de 2006
A assembléia dos estudantes de letras
No dia 8 de junho, início deste mês, deflagrou-se uma greve dos funcionários da Universidade de São Paulo, apoiados pelo SINTUSP – sindicato dos trabalhadores de USP. O movimento iniciou-se com uma paralisação no dia 5 para as assembléias dos trabalhadores e decisão pela grave enfim.
A reivindicação dos trabalhadores é por aumento de salário, mas o que nos preocupa e preocupa outras faculdades, como a UNESP e UNICAMP é o corte no repasse das já escassas verbas estaduais para educação.
Os trabalhadores parados são responsáveis por serviços fundamentais dentro do campus da USP capital: bibliotecas, o circular, circulento ou secular – ônibus que roda gratuitamente dentro da cidade universitária, param também as salas pró aluno – computadores e internet, raros, mas de graça, o bandejão – que é o restaurante central, assim como o da química e o da física, e outros serviços que eu talvez desconheça.
Resumindo: coisas de pouca importância. As únicas coisas que não param são as aulas, mesmo porque os professores decidiram por não apoiar a greve, discordam com a época em que o movimento se dá, afinal estamos em fim de semestre, e porque os históricos dos resultados das últimas greves em que os professores se meteram foram, pra dizer o mínimo, ridículas.
A assembléia: O CAELL – Centro Acadêmico de Estudos Literários e Lingüísticos “Oswald de Andrade” convocou os estudantes para decidirem o apoio ou não à greve.
Aconteceu em frente ao prédio da faculdade de letras, convocados sala a sala, a grande maioria dos alunos costuma não se mexer, pois, além dos professores que não arredam pé das aulas e quem sair está por conta própria, há pouco interesse no geral.
Como sempre a reunião seguiu esvaziada ouvimos opiniões, a maioria pró greve, sobre greves passadas, a necessidade de apresentarmos uma outra proposta além da greve, a reestruturação da educação no país, como as verbas são divididas entre as faculdades da USP, a inviabilidade de um movimento fendido, e assim por diante. Vale registrar a participação dos oportunistas de plantão que vão ao plenário e levam o nome de seus movimentos políticos sempre presentes.
Arrastada por falas repetidas dos estudantes, no limite máximo de três minutos, a assembléia foi até o horário do intervalo das aulas. O momento da votação, momento esse que foi adiantado pela massa irritada com os discursos rotativos, prolixos, e inertes, coincidiu com a hora em que todos aqueles alunos que não se interessaram em sair das suas aulas para fazer-se representar na decisão final estavam fora das suas salas.
Resultado: Votação apertada, 59 votos pró greve e 149 votos contra e 5 abstenções.
Algumas propostas foram aprovadas por consenso:
- Paralisação das aulas no dia 14/06, tendo em vista o ato público na assembléia legislativa ALESP – Este é o dia D, dia da votação do orçamento para a educação, que tem como proposta não só não aumentar a verba como o corte delas.
- Que a comitê de mobilização da letras incorpore a discussão de uma comissão que gerencie as verbas da universidade, e que seja aberta sob controle de estudantes, funcionários e professores.
Os trabalhadores estão completamente sós nesta demanda. Vale para reflexão.
Meu voto foi contado com o número 125.
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