– Mas não podemos parar. Devemos seguir caminhada, pois parados somos alvo ainda mais fácil para o que quer que viva nestes corredores.
Tomando a palavra, um guerreiro visivelmente experiente de olhar austero, e que até agora só observara, colocou-se em pé, e altivo disse:
– Guerreiros, a luta mudou de aspecto, agora não é mais simplesmente uma busca de tesouros e histórias aventurescas para contar às moças na taberna, agora estamos em busca de sobrevivência! Perdemos homens valorosos pelo caminho, e não sabemos ao certo a quem temos por inimigos. O que sabemos é que somos os intrusos e que precisamos nos organizar.
Demonstrando a experiência exibida em sua face, o guerreiro dividiu o grupo em camadas. Os que vinham mais atrás tinham toda sua atenção voltada para a retaguarda, incumbidos de andar de costas se necessário. No centro os mais fracos e à frente os mais fortes. Todos já se sentiam confortáveis sabendo mais ou menos o que fazer.
O guerreiro de primeira viagem acabou ficando na última camada, perto dos que estavam na retaguarda. A cada barulho apertava o punho da espada. Tentava esconder a irritação, a exemplo dos mais experientes até que uma mão enluvada tocou o seu ombro.
-Acalme-se meu rapaz! A morte é só uma passagem. Depois que o barqueiro nos conduz, tomaremos vinhos sentados a uma mesa farta. A morte é o prêmio do guerreiro.
A voz vinha do fundo da barba do guerreiro austero. Tinhas os olhos fundos e o cabelo, empastado pelo suor, escorria lhe pelo Elmo de asas de falcão.
– Não tenho como esconder que estou nervoso, senhor. Admito que não tenho experiência com armas. Apenas no que tange sua confecção. Retorquiu o guerreiro.
– Filho, experiência com armas se ganha lutando e praticando. Agora, nem as gemas mais raras compram a coragem. Se não tivesse visto a pedra que você arremessou contra aquele bicho, não falaria coisa de tal sorte.
E conversaram. Nesse ponto, o guerreiro novato começara a se acalmar e por instantes até esquecia das paredes rochosas e dos feiosos lá de cima.
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