Um dia me peguei numa tremenda crise de identidade, estranhando minha própria pessoa: não sou eu, não pode ser. Talvez sejam espíritos instigando minhas ações e controlando tudo dentro de minha suposta mente; sim, suposta, pois já não sabia se era realmente minha. Até hoje tenho minhas dúvidas… Nem importa se alguém acredita ou não, se sou louca ou sensitiva. Pra falar a verdade, muitas vezes eu também não acredito, penso estar sonhando. E estou, mesmo com olhos abertos e há horas fora do sono “comum”.
Sonho desde meu nascimento, e quer saber? Não quero e muito menos deixo que me acordem. Acordar pra quê? No meu eterno sonhar não há guerras, competições infantis por adultos aparentemente inteligentes, perversões, uns tentando enganar outros por dinheito, poder, status…
Aqui há tantas cores, crianças lindas, animais charmosos e cheios de vontades, árvores que sorriem ao receber um afago, grama pra deitar e ouvir as mais belas canções dos pássaros tão vários, tão generosos. Aqui encontro velhinhos cheios de sabedoria e ansiosos para ensinar-nos tudo que sabem, pelo prazer de simplesmente se doar e poder falar, ver outros aprenderem, sem nenhum interesse ou esperança de receber algo em troca. Ficam felizes pelo ato de poder ajudar! E como são bonitos, seus cabelos cor de neve branquinha mesclados com prata, sorrisos maravilhosos, que charme!
Isso soa tão incompreensível e distante de tudo que vocês conhecem, não é? No entando, é meu lar aqui em Plutão – presente recebido do meu amiguinho generoso Dudu, estou esperando a visita prometida, heim? As coisas estão semi-arrumadas, hehehe.
O que anseio é o Bem Maior, do mais fundo de meu ser, embora ainda seja seduzida por apegos efêmeros á minha revelia. Suporto as dores que me são destinadas, burilando meu espírito. Acolho-as enquanto não as consigo entender. Esperança, essa palavrinha que tanto me custou a aceitar e compreender sua finalidade…
Hoje diria que faz parte de meu âmago. Assim, percebo o mundo não como exterior a mim; ao contrário, é minha própria mente e o que lhe diz respeito. Sempre aprendendo, mesmo em rítmos variados, com tonalidades por vezes inovadas e singulares.
É preciso dizer: não sou perfeita, nunca fui, não sou santa nem tenho vocação nem desejo de ser. Almejo apenas a conhecer cada vez mais meus limites e possibilidades para que o eu não me seja mais estranho e o reconheça nesse turbilhão de mistérios que nunca me fora explanado. Importa que eu saiba sobre ser no mundo para poder tomar decisões com firmeza, confiança e pronta pra lidar com o inesperado, dores, frustrações, tudo isso que é tão somente: a Vida! Todos estão convidados a me visitar aqui em Plutão, não precisam trazer nada, apenas um abraço amigo e pensamentos de bondade. Um abraço pra todos!
“A vida é breve, a arte é longa.”
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