Crise de identidade! Uma mente em tempestades de dúvidas e inseguranças, desesperanças…
Quero colo! Seria a insensatez? Seria o excesso de informações a uma velocidade que ultrapassa o limite de segurança no tráfego dos neurotransmissores nas bordas da lucidez?!
desenho a lapiseira, caneta Bic azul e lápis de cor sobre Moleskine, Tania Montandon
Ou percepções a meio caminho da verdade, enredadas numa trama de ouro? Guardaria eu um segredo que, com certeza, pessoas precisam para seguir o mundo em seu curso?
As pessoas não podem viver assim, de modo tão impulsivo, precipitado, imediatista.
Mas se tal segredo sei, poderia transmiti-lo?
Ser livre como um pássaro, uma bala, uma flecha, movida pelo desejo – qual? Impelida por quem? Pra onde? Quem ousaria a façanha de me ajudar a descobrir? Talvez a invenção, uma visão de dois metros da sólida realidade, a qual só lida com frustrações, incompreensão, confusões.
Um tapete mágico adejando sempre com um vácuo de quinhentos quilômetros de espessura entre mim e outrem. Ninguém sabe. Absorta em pensamentos, tantas vezes o instinto papagaio torturou-me naquele cantochão monótono, terrível, insuportável de seres apoderando-se do controle de meu cérebro e atos.
Terapia. Seria possível de fato adentrar essa minha perdição, na arte que ali se contém, conhecida do amor, da astúcia, por meio da qual se forçaria a entrada nessas câmeras secretas interiores? Teria a habilidade disso suportar e tirar proveito de seu labor? Qual o sabor? Possuo estrutura para imiscuir-me nessa viagem? Quem saberia? Qual o artifício para se formar indissoluvelmente um ser inteiro?
desenho a lápis HB e lápis de cor em Moleskine, Tania Montandon
Não é bem o conhecimento exatamente ao que anseio, mas a unidade, a possibilidade de se sentir parte da vida, de uma comunidade.
Insegurança, tristeza, solidão. Por que sou tão insuportável, ridícula, excêntrica, feia? Por que ninguém gosta de mim de verdade, em essância? Sem ser por profissionalismo, laço sanguíneo ou culpa por crenças religiosas? Por que ninguém aceira isso que entendo como ser eu mesma? Estão sempre querendo ou pensando que sou algo tão longe do que eu poderia reconhecer como eu!
Triste agora, com imensa vontade de não mais existir, de morrer, de acabar de vez com essa tragédia de história fracassada que suponho ser eu a responsável!
Choro, desfalo, pois todas as coisas verdadeiramente mais importantes transcendem qualquer linguagem de comunicação. Comecei a ler, a estudar línguas pra tentar aliviar essa imensa dificuldade que tenho de comunicar e nada adianta, faço tudo errado como sempre. E como dói!
Às vezes tento visualizar meu ser saindo de mim pelo caminho do fim, et coetera, et coetera. Meu Deus, meu Deus como meus pais puderam ter uma filha tão incongruente? Desajeitada, sonsa, como a meia furada e os lençõis do hospital psiquiátrico.
Como poderia um ambiente tão portentoso incutir a necessidade dos cordatos tirarem, com uma vassoura e pá de lixo, a areia pelo papagaio do cantochão monótono espalhada onde fosse, e o drama de problemas concentrando-se quase exclusivamente nas façanhas – interessantes, talvez, por tão inauditas e animalescas, mas afinal um tanto limitadoras e desgovernantes – desse pássaro bêbado sem álcool?
Naturalmente, de tudo tenta-se… embalde… no vão resta… E mais areia dispersando-se, provavelmente de algum espinho no emaranhado do pensamento, no despeitado impelido pelo desvario do fluxo de areia em corrente, como um rio, a parar ou descansar, somente, no mar ou faíscas distraídas de amar…
A fraqueza envergonha, eis a verdade. Demônios perversos, anjos embusteiros, monstros crescidos! Perda descompensada. Os olhos turvos ao pensar esse azar.
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