Saiu o “edital da Unesco”, em acordo com o MEC, para a contratação dos oitenta agentes que irão começar o trabalho de federalização da educação básica no Brasil. Esses homens e mulheres, contratados pelo ministro Fernando Haddad, caso queiram, poderão realmente tirar a o Brasil do fundo do poço educacional. O edital é limpo: não há veto contra idade ou certas titulações. É um edital correto: quem tem diploma superior e alguma experiência com educação, pode participar. Os que vierem a fazer as entrevistas para o ministro Haddad, caso não errem, terão condições de formar uma equipe que poderá efetivamente fazer uma revolução educacional no Brasil. Caso esse projeto não funcione, aconselho o país a desistir, a pegar o boné e fazer toda a população retirar-se para o espaço brasileiro na Antártida. Não haverá mais desculpa.
Os oitenta agentes do MEC, selecionados em exame a partir do edital mencionado, terão condições de trabalho, bons salários (5 mil reais), disposição do ministro e, mais que isso, verba para deslocamento e regras claras. É um trabalho de dez meses. As regras claras são a base para tudo em um convênio. Do lado do prefeito, é necessário obedecer condições mínimas para o município. Do lado do MEC, o programa de apoio tem tudo para ser iniciado e dar bons resultados. Não se trata de um convênio daqueles que reitores assinam com todo mundo, apenas para valer a pena o jantar no restaurante caro ou para poder tirar uma boa nota fiscal para repor a “diária”. Nada disso, o convênio implicará em responsabilidades verdadeiras dos dois lados. Não há, também, implicações pedagogicistas. Não se está pensando em entupir ninguém com baboseiras em psicologia educacional. Nada disso. Ao contrário, o ministro já deixou claro que qualifica qualquer método alfabetizador que provar dar resultados. O fato do ministro não ser político, pedagogo, dono de escola e nem ter sido reitor, faz dele uma pessoa com objetividade para conduzir o processo. Não precisa agradar corporações. Tem de agradar apenas a sociedade como um todo, que pede em uníssono: não queremos mais essa droga de educação que está aí.
O primeiro passo está dado. O edital está publicado. Quem passar na seleção estará fazendo parte de uma equipe com condições de fazer uma revolução educacional. A equipe a ser formada será, pela primeira vez, uma equipe que tem tudo para ser sadia: nada de indicações nem de apadrinhamento da universidade ou de político. O MEC está disposto, com o ministro tem deixado claro e o edital mostra, que quer escolher quem tiver competência, honestidade e vontade para conduzir o processo inicial dos convênios, ou seja, a forma de federalização da educação com a qual tenho dito que estou de acordo, como já fiz em outro lugar.
Estou animado a ponto de voltar a ser otimista? Não! Não sou daqueles que acredita que o Brasil tem a gana que precisa ter. Mas tenho de dar a mão à palmatória: dessa vez não estou encontrando erros para criticar nesse projeto. É claro que há mil e uma coisas na educação brasileira que não vai bem. E eu estou longe de dizer que a CAPES poderia ser fortalecida para que pudéssemos ter algum benefício no ensino básico. A CAPES se tornou um erro grosseiro e deveria ser simplesmente extinta. Mas isso é outra coisa. Não devemos chutar cachorro morto. Devemos pensar no futuro. A perspectiva de futuro passa por esse mecanismo revolucionário dos convênios que poderão encaminhar a maneira do MEC ter alguma coisa concreta a fazer em relação à educação. Desde o início da República que a União não tem como articular qualquer ação efetiva sobre o ensino básico. Agora vai ter. O melhor que tenho a fazer, agora, é pedir que os “profissionais de bem” se inscrevam para trabalhar nessa equipe que Fernando Haddad está montando.
Abram o site do MEC e procurem lá pelo edital “Unesco”. Leiam com carinho. Se inscrevam.
Paulo Ghiraldelli Jr.
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