Sempre a via debruçada sobre a janela. Seus cabelos soltos caídos pelos ombros romanescos. Os olhos sonhadores de um azul muito intenso a confundir-se com céu. O sorriso doce nos lábios rosados.
Olhava o infinito como somente os enamorados são capazes.
Um dia não me contive, parei e perguntei:
– Bom dia bela moca. Que tamanha graça contempla que não hás de querer comigo partilhar?
Virou-se para mim, o mesmo sorriso doce. Os mesmos olhos no infinito.
Foi então que me dei conta: A bela moca da janela nada via. Nada enxergava a não ser com a própria alma
Empertiguei-me e sai. Nunca mais a vi. Mudei meu caminho. Não tive coragem de constatar minha cômoda cegueira.
Comente!