Simplicíssimo

Lolo

Quando criança sempre fui muito apaixonada por animais. Cachorro, gato, aves, coelhos, gatos, peixes, marrecos, todos fizeram parte de minha infância e foi assim que lolo veio parar em minha vida. Foi amor à primeira vista
Lolo era minha marreca. Uma linda ave de penas marrons e andar gracioso. Morávamos então numa casa onde aos fundos um enorme terreno abrigava um abacateiro muito alto que, em gostosas noites papai acendia uma fogueira e sentados ao redor, contávamos historias.
Lembro que lolo e eu brincávamos muito, pulando as aboboras que mamãe plantava no quintal, claro que eu sempre a deixava ganhar. Mas um dia lolo não acordou bem, espirrava muito e papai declarou que se tratava de pigarro.
– Deixa que eu cuido. Um remédio caseiro é o que ela precisa.
E durante todo o dia ele pingou soro caseiro em suas narinas mas, no fim da tarde, não resistindo à enfermidade, lolo veio a falecer.
Aquilo foi um baque tremendo em minha vida. Lolo e eu tínhamos uma relação muito legal de companheirismo e cumplicidade. O que faria sem ela? Chorei muito durante o enterro, que foi ao pé do abacateiro.
Aquela noite foi terrível, tive pesadelos em que lolo sufocava debaixo da terra e logo pela manhã, mal tinha amanhecido, enquanto todos dormiam, levantei nas pontas dos pés e fui desenterrar Lolo.
Quando a vi ali, tão quietinha, sujinha de terra, não resisti e chorei sobre seu corpo. Logo minha mãe, intuitiva, apareceu e separou-me de Lolo, foi a ultima vez que a vi.
Os dias passaram e pouco a pouco a dor dilacerante foi diminuindo, dando lugar a saudade, mas nenhum outro bichinho foi capaz de ocupar o lugar daquela que, na minha infância, corria comigo em volta das aboboras maduras ou descansava sob a sombra do abacateiro.

Priscila Magalhaes

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