Fugiu-me a inspiração! Procurei em todos os cantos, debaixo da cama e ate nos bolsos. Quem sabe, esquecida que sou, não teria deixado La quando fui ao banco pagar uma conta e … Pior, e se lavei a roupa sem olhar antes e ela tiver escorrido pelo ralo? Não não.
Vou por um anuncio no jornal: Procura-se inspiração. Trinta anos de idade. A dona anda doente de saudades e paga boa recompensa a quem devolve-la.
Apareceram-me aqui uns sujeitos. Muito estranhos eles, todos trazendo inspirações. Cada uma muito singular, umas já surradas, coitadas, tão usadas. Outras novinhas em folha, nunca usadas, com etiqueta e tudo. Mas nenhuma era minha pobre inspiração.
Onde andaria a coitada? Já tarde da noite andando por ai, intrépida, com fome, com frio, com medo. E se aparecesse um mal intencionado? Não quero nem conceber esta idéia. Se caísse em mãos erradas…nossa…seria a caixa de pandora.
E pensar que nunca nos separamos um dia sequer tão logo nos conhecemos. Tão afeiçoada que sou a ela. Companheira, dedicada. Lembro de nossos passeios ao parque, riamos tanto, a danada sabe como entreter alguém. Sem contar nossas gostosas tardes de leitura e…
Epa, espere ai…já sei onde esta minha inspiração. Encontrei enfim, perdida em meio aos periódicos da manha. Deixei-a la quando bateram na porta logo cedo. Era o carteiro, trazia um cartão postal de Havaí. Minha imaginação, tão escassa que já era, fugiu com meu bom senso, um charlatão imitador. Ambos se apaixonaram e foram viver juntos, dançar Hula-HuLa. Chocada, desmaiei, e quando acordei… Bom, já sabem do resto, sem imaginação, bom senso e inspiração, não poderiam esperar que escrevesse um texto melhor não e mesmo?
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