Por muito tempo eu ouvi sem entender a frase "Grêmio – Nada pode ser maior", que intitula o livro. Para mim, totalmente sem sentido ou significado condizente com a realidade. Não conseguia compreender como este pronome poderia ser usado assim, naquela frase, sem contexto adequado. Lançado em 2004, ano em que o Grêmio foi (de novo!) rebaixado para a segunda divisão.
Recorrendo ao dicionário Michaelis tive a primeira "luz", já que "nada" pode ser considerado um advérbio, com o sentido de "De modo nenhum; não": "Grêmio – De modo nenhum pode ser maior", "Grêmio – Não pode ser maior". Agora sim, começa a se tornar aceitável.
Mas foi depois que assisti ao filme "Gigante – Como o Inter Conquistou o Mundo" que tive maior clareza dos fatos. De volta ao dicionário: Gigante pode ser um substantivo significando "de extraordinária estatura", "de grande corpulência" ou um adjetivo significando "muito elevado", "eminente", "Admirável, prodigioso, sublime". Notem que a palavra Gigante precede e se relaciona sinonimicamente com a palavra Inter, de forma que a frase bem poderia ter sido assim escrita: "Inter – Como o Gigante Conquistou o Mundo".
Só então entendi que "Gigante" está para "Inter", assim como "Nada" está para "Grêmio". Estão ali como o sujeito da frase. Claro que eu não teria aqui a deselegância de dizer (já dizendo) que "Grêmio" é a mesma coisa que "Nenhuma coisa. A não-existência; o não existente. Coisa nenhuma. Nenhum valor. Coisa vã, nula" (de novo o Michaelis). Não é este o sentido. Mas se também na outra frase invertermos as palavras-chave, teríamos: "Nada – Grêmio pode ser maior". Fica claro então o real sentido das coisas. O "Nada" na frase original, não significa "ninguém", mas sim cogita a possibilidade de que o Grêmio possa, quem sabe, ser maior, admitindo e partindo do pressuposto de que ele não o seja.
E por falar em momento, na semana de homenagens ao título mundial do Sport Club Internacional, nada mais justo afirmar que "Gigante é maior que Nada"
Reestabelecida a ordem das coisas, cabe ainda uma singela lembrança nesta oportuna ocasião: "Timão" e Corinthians, nada tem a ver com "time forte" ou "time grande", mas sim com o leme do navio, que este ano naufragou, coisa que por justiça deveria ter lhe sido imposta em 2005, quando assumidamente burlou as regras da competição e da moralidade para levar a taça.
Sim, a CBF e o STJD fecharam os olhos e se tornaram cúmplices do mesmo crime. E como até os tarólogos se enganam (veja aqui), prefiro ficar com o que dizem dois ditados, que agora sabemos de fato que são verdadeiros: "Aqui se faz, aqui se paga" e, para colocar um ponto final neste texto: "Deus não joga, mas fiscaliza"!
Ah sim, o título deste texto é da música dos Mutantes (tudo a ver – rsrsrsrs):
Venha ver a minhas cores
Ah, tá na hora do cabelo nascer
Hasteei o meu cabelo
Ah, para que o sol fique sabendo das coisas
O meu cabelo é verde e amarelo
Violeta e transparente
A minha caspa é de purpurina
Minha barba azul anil
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