Se tinha uma coisa que me deixava louca, eram aqueles pés dela, aqueles sapatos. Eles mexiam comigo, com minha imaginação. Era o barulho que faziam no carpete de madeira, tão diferente dos meus, era a forma redondinha, bonitinha, que se somavam, pézinhos dourados e sapatos de ouro.
Quando ela estava distraída, no banho talvez, eu corri, coloquei aqueles sapatos e caminhei pelo quarto. Eu vibrava, eu era ela. Corri me olhar no espelho, subi na cama e me virei, dando de cara com ela gritando comigo: "Menina, sai já de cima da cama, minha filha. Com meus sapatos ainda!".
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