Ok, você já falou mal da nossa cidade, do movimento insano do centro, dos problemas estruturais e sociais, mas… Você REALMENTE conhece sua cidade? Conhece-a como um turista a conhece, ouvindo interessado cada prédio ou fachada pela cidade? Já experimentou olhar para algo além da sua carteira ao caminhar pelo centro antigo e histórico, berço da nossa cidade como a conhecemos? Pois eu tentei…
Depois de passar minhas férias conhecendo, o melhor e o máximo possível de duas belíssimas capitais, decidi esticar o turismo para dentro da primeira semana de trabalhos e aulas para conhecer melhor uma outra metrópole, desta forma, depois de Curitiba e Buenos Aires foi a vez de minha própria Capital, São Paulo.
A visita guiada pelo centro Paulista se deu através do programa TurisMetro, organizado pelo Metrô de São Paulo, em cinco roteiros possíveis, Sé, Turimos nos Memoriais (América Latina e Imigrante), Paulista, São Francisco – Theatro Municipal e Luz/Tiradentes. Cada roteiro inclui uma caminhada de três horas, guiada, com visitas incluidas aos museus e pontos turísticos encontrados pelo caminho. Nossa opção foi pela origem da cidade, o roteiro da Sé.
Por este roteiro passamos, sob a tutela da italiana apaixonadíssima por São Paulo, Sra. Concceta, por Mosteiro de São Bento, Largo de São Bento, Pça Antônio Prado, rua 15 de Novembro, rua do Comério, Praça do Patriarca, Igreja Santo Antônio, Centro Cultural Banco do Brasil, Pateo do Collegio, Capela do Beato Padre Anchieta, Casa Número 1, Beco do Pinto, Solar da Marquesa, Centro Cultural Caixa Econômica, Praça da Sé, Marco Zero e a belíssima Catedral da Sé.
O longo passeio foi ainda premiado pelo belíssimo domingo de céu de brigadeiro e sol claro e brando que fazia sobre a cidade, e logo começamos a nos deslumbrar com a nossa cidade, igualando um pouco o nosso conhecimento com os dos turistas que passam por aqui.
Algumas curiosidades, das muitas reveladas pelo passeio, são: o Mosteiro de São Bento foi dado em doação eterna aos frades Beneditinos, até o fim do mundo o terreno será deles, felizmente, eles cuidam muito bem, com uma faixada esplendorosa e o relógio de bronze, o Big Bento, que só parou duas vezes na cidade, sendo referência de hora certa.
Pelas faixadas da cidade, o plano de rastauro da prefeitura da cidade a nossos cidadãos deu isenção de impostos às empresas que se empenhassem em restaurar as faixadas históricas. Isto feito e hoje temos o banco Sudameris onde foi o primeiro banco estrangeiro a investir no país, o Banco de França. Num prédio anterior à luz elétrica vemos ainda os archortes originais onde as chamas das tochas iluminavam as ruas e, pesadas argolas de metal eram usadas para amarrar cavalos e carroças, enquanto seus proprietários usavam do banco. O banco também é famoso por ter o primeiro cofre 24 horas da cidade. Destinado a uma clientela ilustríssima, as chaves do cofre em confiadas aos seus portadores que podiam depositar ou retirar, noturnamente, seu dinheiro e, na manhã seguinte, débitos ou créditos eram atualizados às contas de seus proprietários. Sem canhotos, sem recibos, na confiança.
A praça do patriarca, onde há um grande e moderno portico sobre as primeiras escadas rolantes da cidade, que levam à galeria subterrânea de artes da cidade, também conta com uma estatua de José bonifácio de costas para a praça. O que parece um erro é na verdade uma jogada do autor, colocando a estátua saudando quem vinha do centro velho para o centro novo, cruzando a praça do patriarca.
Outros bancos do centro também viraram excelentes centros culturais, como o Banco do Brasil que mantém o cofre original para visitação e recebe eventos e exposições diversas, como o banco Caixa Econômica, que também tem internet grátis e exposições, no seu curioso edifício já às margens da praça da Sé, com uma arquitetura mista de gregos e romanos no seu térreo, com colunas e trapésios, mas uma edifício estremamente moderno que ergue-se sobre o primeiro andar.
A igreja da Sé, apesar de bastante nova, sendo inalgurada em 1954, e não estando pronta de verdade ainda hoje, quando foram encontradas plantas em suas fundações que sugerem a existência de mais torres além das construidas, tem seus méritos ao ser a oitava maior catedral do mundo, com lugar para oito mil pessoas, possuim o maior orgão da américa latina, com 10.000 tubos e tem em suas fundações, além dos bispos, um maetro brasileiro cujo nome perdi, e os restos mortais do primeiro índio a ter contato com os jesuitas no Brasil.
Evidente que esta rápida pincelada sobre a capital paulista é insuficiente para passar a grandeza de nossa cidade, de tantos contrástes, tão rica e tão podre ao mesmo tempo. Às portas de quase todos os edifícios, mendigos vagabundeávam ou dormiam e nós desviávamos deles como quem desviava de um tronco caído ou buraco. Os edifícios histórios restaurados e mesmo os não restaurados, ainda assim representam uma história recente da cidade, que só explodiu entre 1850, 1920, período do nosso ouro verde, o café. De antigo mesmo na cidade, só a vila de Piratininga, primeiro nome da cidade que nascia ao redor do Pateo do Collegio.
Mesmo assim, a visita é lindíssima e obrigatória aos que amam esta cidade, por divulgar nossa história e incentivar um olhar (e ações) mais carinhosas à fria gigante de pedra.
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